Líder feminista de 88 anos é homenageada no Rio

A história de uma jovem deputada que acaba de assumir o mandato e luta pela igualdade de salários entre homens e mulheres parece bastante atual, mas foi lembrada nesta segunda-feira (23) durante homenagem à líder comunista e feminista Zuleika Alambert, santista de 88 anos que se estabeleceu no Rio de Janeiro depois de dez anos de exílio, entre 1969 e 1979.

Suplente de deputada estadual pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), Zuleika tornou-se titular em setembro de 1947, aos 25 anos. Apresentou um projeto de abono de Natal – precursor do 13º salário – e outro que instituía a remuneração sem distinção de sexo.

Hoje, a homenageada ouviu muitos discursos elogiosos e falou pouco. “Até hoje a igualdade salarial é uma causa das mulheres”, lembrou a deputada estadual Aspásia Camargo (PV-RJ), que entregou uma Moção de Congratulações a Zuleika.

Com a extinção do PCB, a deputada comunista perdeu o mandato em 1948, mas intensificou a atuação no partido, especialmente na luta para fazer avançar o papel das mulheres.

“Muitos comunistas não concordavam que as mulheres no PCB fossem além da luta contra a carestia e a luta pela paz”, lembrou o ex-militante do partido e hoje dirigente do PPS Givaldo Siqueira. “Foi uma resolução da Zuleika que definiu a Partido Comunista como um partido feminista”, contou.

Durante a homenagem, foram lembrados vários episódios da vida da líder feminista, que teve dois casamentos, o primeiro deles com o dirigente comunista Armênio Guedes.

Na juventude em Santos, durante a Segunda Guerra Mundial, Zuleika se engajou na Liga de Defesa Nacional, que combatia contra o Estado Novo e exigia o rompimento do governo Vargas com os países do Eixo.

Ao lado das companheiras Heloísa Ramos, mulher de Graciliano Ramos, e Jovina Pessoa, liderou o boicote dos estivadores, que se recusavam a desembarcar os produtos espanhóis no Porto de Santos.

Era uma reação ao regime ditatorial do general Francisco Franco na Espanha, oficialmente neutra, mas aliada de Alemanha, Itália e Japão. Mais tarde, os trabalhadores do porto foram os principais cabos eleitorais de Zuleika na campanha para uma vaga na Assembleia Legislativa paulista.

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