“Lula e o PT vão aprender rapidamente que não dá para fazer milagres na política.” A afirmação é de Andrzej Adamczyk, um dos líderes do sindicato polonês Solidariedade, que nos anos 80 lutou contra o regime comunista de seu país e acabou elegendo o sindicalista Lech Walesa presidente da Polônia.
Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o líder sindical alerta para o fato de que o governo do PT deve estar preparado para lidar com petistas e aliados que possam ficar desapontados com a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva. “O mais difícil, que é governar, ainda não começou e, pela experiência nossa na Polônia, posso garantir que não será fácil.”
Ele compara a trajetória do presidente eleito e de Walesa, apesar do momento histórico diferente de cada país. “Walesa, que como Lula era líder sindical, também começou o governo com amplo apoio popular. O problema é que as medidas que tomou, e levaram o país a uma economia de mercado, não foram bem aceitas pelos sindicatos.”
Adamczyk conta que o resultado do descontentamento de grupos de apoio a Walesa impediu que ele se reelegesse. “Hoje, Walesa não tem nenhuma influência na política polonesa.” Para evitar isso, o sindicalista acredita que Lula deve lutar para fortalecer a economia brasileira. “O governo terá de abandonar os slogans da campanha e lidar a fundo com a economia.”
Apesar da comparação entre Walesa e Lula, Adamczyk diz que nos anos 80 um encontro dos dois em Roma mostrou que suas visões políticas eram bastante diferentes. Walesa defendia o pluralismo na política. “E Lula defendia a união dos sindicatos em uma única entidade.”