Maceió – O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, reconheceu ontem que o Brasil vive momento de crise, conforme publicou no domingo o jornal New York Times, em reportagem que diz que o governo Lula está paralisado desde fevereiro, quando explodiu o escândalo Waldomiro Diniz. O líder peemedebista, no entanto, diz que a democracia não corre risco porque as instituições vivem um momento excepcional.
“As crises todas, sem exceção, não indicam que haverá retrocesso no regime”, disse Renan. Para o senador, as instituições políticas e a sociedade estão vigilantes. “Confiamos na consolidação da democracia. Porém, essa consolidação se dará mesmo com crescimento econômico”, afirmou. “No momento, na bancada do Senado o PMDB tem 23 senadores e a bancada do governo, sem o partido, é composta de 19 senadores. Por isso o PMDB é insubstituível na governabilidade”, observou o líder do partido. Renan defende que é preciso implementar medidas que apresentem resultados a curto prazo para o resgate da dívida social. No entanto, acha que essas medidas não podem “abalar o arcabouço da política econômica do governo Lula”.
No entanto, Renan não explicou como o governo Lula vai sair da crise. Na realidade, ela pode se aprofundar com a disputa na base aliada pela reeleição das mesas da Câmara e do Senado. Nos últimos três dias, o próprio Renan Calheiros foi para o ataque para assegurar a possibilidade de ser o presidente da Casa em 2005. Na última quarta-feira, o líder peemedebista foi até o gabinete da Presidência do Senado e colocou José Sarney (PMDB-AP) na parede. Numa conversa franca, ele cobrou o cumprimento do acordo que lhe daria a chance de disputar o comando da Casa em 2005.
O compromisso firmado por Sarney teria sido avalizado pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, pelo presidente do PMDB, Michel Temer, e pelo líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante, entre outros. “O acordo teve muita gente como testemunha. Vou cobrar o compromisso feito comigo. Caso contrário, como podemos fazer novos compromissos com esses mesmos atores se os antigos não estão sendo cumpridos?”, desabafou Renan, confirmando o diálogo com o presidente do Senado.