Após mais de duas horas de reunião, a líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marina dos Santos, deixou o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde participou de reunião com os ministros do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, e da Secretaria Geral, Luiz Dulci. Marina saiu dizendo-se “um pouco decepcionada”, porque nenhuma proposta oficial foi apresentada ao movimento, que reivindica liberação de recursos para a reforma agrária. Ontem, o MST ocupou o edifício do Ministério da Fazenda e outros prédios públicos em 12 Estados. A manifestação só foi encerrada após a garantia da reunião com o governo.
Segundo a líder do MST, o governo recebeu a pauta de reivindicações como se todos os pedidos fossem novos, mas eles já haviam sido encaminhados antes. Ela disse estar preocupada com o que considera falta de compromisso do governo com o assentamento de 90 mil famílias e com o contingenciamento dos R$ 300 milhões do orçamento dedicados à reforma agrária. “Para as questões sociais, há o problema da crise, que não tem recurso. Mas para as grandes empresas do agronegócio, do latifúndio, para os usineiros, o BNDES tem liberado milhões”, desabafou. Segundo Marina, não há nenhuma outra manifestação prevista, mas o grupo permanece “em vigília” na capital federal até a terça-feira da semana que vem, quando o governo deve responder às reivindicações.
O ministro Guilherme Cassel afirmou que o governo “dificilmente” poderia assentar as 90 mil pessoas pleiteadas. “Nós praticamente já usamos todo o recurso de obtenção de terras disponível. Temos um orçamento de R$ 958 milhões, estamos com R$ 300 milhões contingenciados, e os R$ 600 milhões já utilizamos esse ano.” O ministro ressalvou, no entanto, que este governo já assentou mais famílias do que nos últimos 50 anos e que o modelo que está sendo usando é de fazer o “assentamento com responsabilidade, em terra boa, com habitação, crédito, energia elétrica e água”.