Brasília – Os partidos de oposição prometem obstruir os trabalhos do Senado caso não possam indicar um nome para a relatoria ou a presidência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Cartões Corporativos. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), reclamou nesta terça-feira (12) que a relatoria e a presidência da comissão não podem ficar com parlamentares da base do governo.
"A Casa pára se não respeitarem o nosso peso numérico e político", ameaçou o líder, acrescentando, "vamos ter [partidos da] oposição obstruindo o orçamento [da União para 2008], obstruindo todos os trabalhos da Casa, inclusive nas comissões".
O líder reagiu às declarações do líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (PMDB-RO), que de manhã havia dito que por serem os maiores partidos na Casa, a relatoria da CPMI caberia ao PT e a presidência ao PMDB.
"Não vamos aceitar, nem na CPI nem nas matérias fora de CPI, que continuem a desrespeitar o nosso peso numérico e político na Casa", afirmou Arthur Virgílio.
De acordo com o senador, a oposição fez uma "concessão" e concordou em votar hoje três projetos no plenário
"O presidente [do Senado] nos fez um apelo e concordamos em votar hoje três matérias. Daqui pra frente não há compromisso com votar mais nada enquanto não tivermos duas satisfações: primeiro, uma resposta do líder do governo do descumprimento da promessa do governo que, em relação à aprovação da DRU [Desvinculação de Receitas da União] não haveria pacote tributário, e segundo, queremos resposta sobre a CPI", disse Arthur Virgílio.
Os projetos que estão na pauta para votação hoje são o que afasta de cargos administrativos o senador que esteja sob investigação no Conselho de Ética; o que trata de acordo internacional entre o Brasil e Gana (África) e o que desobriga o governo a recorrer judicialmente em uma instância superior de processos que tenha perdido em uma instância menor. Atualmente, o recurso é obrigatório, mesmo que o governo admita que vai perder o recurso.
O líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), também reagiu às declarações do líder do PMDB. ?Só tomaremos ritmo normal [de votação] na medida em que essa questão da CPI, presidência e relatoria, esteja absolutamente equacionada. Para que se investigue com isenção é preciso que governo e oposição estejam presentes na composição [direção] da CPI. Fora disso, é inaceitável?.