Brasília – Nunca o mundo teve um grupo tão grande de adolescentes. O relatório Situação da População Mundial 2003, divulgado ontem, revela que são 1,2 bilhão com idade entre 10 e 19 anos entre os 6,3 bilhões de habitantes do planeta. O Fundo de População das Nações Unidas alerta que, sem investimento, o futuro destes jovens estará comprometido, porque entre eles há grande número de analfabetos (153 milhões), casos de gravidez precoce e de aids (um infectado a cada 14 segundos).
A representante do fundo de população no Brasil, Rosemary Barber-Madden, diz que o objetivo das Nações Unidas é discutir o desenvolvimento dos países. “Se você começa a sua vida já na sombra da exclusão social qual é a sua chance de atingir um nível de desenvolvimento? Qual é a chance de um país?”, disse.
O relatório da ONU mostra que a expectativa de vida para homens nas regiões desenvolvidas é de 79 anos, contra 65 anos nas menos desenvolvidas. As diferenças aparecem na taxa de mortalidade: 8 mortes por mil nascidos vivos contra 61 por mil. Com mais estudo e melhor expectativa de vida, as jovens dos países ricos adiam a maternidade: são 27 nascimentos por mil mulheres entre 15 e 19 anos, taxa que dobra entre as jovens de países pobres.
Metade da população global tem menos de 25 anos. Apesar de grande parte ter acesso à escola, ainda há 57 milhões de rapazes e 96 milhões de moças analfabetos. A maioria dos jovens (87%) vive em países em desenvolvimento repletos de desigualdades sociais. O Fundo constatou que 462 milhões de jovens sobrevivem com menos de US$ 2 por dia e 238 milhões com renda inferior a US$ 1 por dia. Entre os miseráveis, a maior parte não convive com os pais, por causa de conflitos armados, doenças, desastres ambientais ou migração. Só a aids causou a morte dos pais de 13 milhões de crianças com menos de 15 anos. “A previsão é de que este número de órfãos dobre até 2010”, diz Rosemary, considerando a grave situação na África.
O fundo alerta que um jovem é infectado pelo HIV a cada 14 segundos e metade dos novos casos de HIV está entre as pessoas de 15 a 24 anos. No Brasil, é nesta faixa etária que aparecem mais mulheres contaminadas pelo vírus do que os homens, invertendo o perfil das vítimas.
Rosemary elogia a política brasileira de distribuição de remédios e o governo pelo programa de distribuição de camisinha nas escolas para prevenir aids, doenças sexualmente transmissíveis e gravidez precoce.