A fábrica principal do grupo Schincariol, em Itu (SP): risco de parar. |
Brasília – Os 68 diretores e funcionários do grupo Schincariol presos pela polícia federal continuarão detidos por mais cinco dias. A prisão temporária terminava ontem à meia-noite. Entre os presos na última quarta-feira e indiciados por formação de quadrilha estão seis advogados e oito funcionários públicos, dois deles policiais militares. Os principais diretores e sócios da empresa de bebidas Schincariol estão presos na sede da PF em São Paulo.
Ontem também foram encaminhados todos os documentos apreendidos pelos policiais federais nas operações de busca da chamada Operação Cevada – para a PF do Rio de Janeiro, que coordena as investigações. Eles serão analisados e encaminhados à Receita Federal.
A empresa Schincariol é acusada de sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção. A estimativa é de que mais de R$ 1 bilhão possam ter sido sonegados pelo grupo nos últimos cinco anos.
De acordo com o delegado Cassius Baldelli, o grupo Schincariol se utilizava de ?parceiras?, distribuidoras abertas em nome de pessoas sem condições financeiras para o empreendimento, os chamados ?laranjas?.
A investigação começou há dois anos, com denúncias anônimas recebidas pela Receita Federal e operações realizadas em postos fiscais.
Fisco
A Schincariol informou ontem que não foi autuada pelo Fisco em decorrência da chamada ?Operação Cevada?. Em um comunicado veiculado na imprensa, a companhia disse que não teve conhecimento das infrações que lhe foram atribuídas, acrescentando que outras empresas, ?inclusive do mesmo ramo de atividade, sofreram recentemente graves autuações fiscais sem que, no entanto, houvessem provocado repercussão penal?.
No seu comunicado, a Schincariol afirma: ?Note-se que, no entanto, que a empresa não foi sequer autuada pelo Fisco em decorrência da aludida operação, desconhecendo-se por completo quais infrações fiscais/tributárias eventualmente a ela imputadas?, afirmou a Schincariol, no documento. A empresa acrescentou que suas obrigações trabalhistas, fiscais e sociais são ?rigorosamente cumpridas? nas respectivas datas de vencimento e especificou valores aproximados de R$ 13,5 milhões referentes à folha de pagamento em maio de 2005; R$ 3,9 milhões no mesmo período em encargos sociais; R$ 1,2 bilhão em tributos em 2004 e R$ 700 milhões em 2005.
Além disso, a Schincariol caracterizou como ?injustas? e ?desnecessárias? as prisões de seus dirigentes, acrescentando que a atual situação coloca em risco a ?própria sobrevivência da empresa, quer pela impossibilidade de ser administrada, quer pela impossibilidade de honrar seus compromissos com fornecedores, Fisco e próprios empregados?.