Belém (AE) – A corregedoria do Tribunal de Justiça do Pará (TJ-PA) mandou os cartórios de todo o estado bloquearem os registros de 100 mil imóveis cujos documentos constam em livros de propriedade desde 1934 até hoje. Há suspeita de que os registros foram feitos de maneira ilegal, transformando áreas públicas em propriedade particular.
A desembargadora Osmarina Nery, corregedora das comarcas do interior paraense, disse que tomou a decisão porque nem as correições feitas nos cartórios pela Justiça e as providências tomadas pelo Instituto de Terras do Pará vinham conseguindo impedir a grilagem de áreas públicas.
Terras reivindicadas pela empresa Jari, que se diz proprietária de mais de 2 milhões de hectares na região do Baixo-Amazonas, pelo grupo CR Almeida, auto-intitulado dono de área superior a 6 milhões de hectares em Altamira, ou ainda fazendas do homem conhecido por Carlos Medeiros, suposto detentor de 20 milhões de hectares em 84 municípios paraenses foram atingidas pela decisão da corregedora.
No MS
Pelo menos 500 das 1.057 famílias de sem-terra acampadas na Fazenda Teijin, em Nova Andradina (MS) ainda não desistiram da ameaça de soltar na rodovia 10 mil bois que confinaram há 20 dias em 400 hectares dos 28.500 que a fazenda tem. Eles deram prazo até hoje para que o proprietário retire os animais. O responsável pela fazenda, Shigeaki Hayashi, disse ontem que não pretende obedecer os sem-terra. ?Não há a intenção de se retirar o gado, é o MST que fala isto, não tem nada concluído ainda, eles não têm competência para mandar na gente?, afirmou.
Para os sem-terra está tudo acertado. ?A fazenda é nossa?, afirmou Márcio Bissoli, coordenador estadual do MST. Ele até construíram uma área coberta de 800 metros quadrados e uma churrasqueira rudimentar para festejar a entrega dos terrenos para as famílias do MST.