Um grupo de 13 dos 80 presos durante a Operação Xeque-Mate foi liberado no início da madrugada deste sábado (9), segundo informações da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul. Os outros suspeitos de envolvimento com a máfia dos caça-níqueis tiveram a prisão temporária prorrogada pelo juiz da 5.ª Vara Federal de Mato Grosso do Sul, Dalton Igor Kita Conrado, que acolheu pedido da PF nesse sentido. Entre os que permanecem sob custódia da polícia estão o ex-deputado Nilton Cézar Servo, apontado como chefe dos grupos de "empresários" que compravam, alugavam, emprestavam e exploravam máquinas caça-níqueis; e Dario Morelli Filho, compadre do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O delegado da PF que preside o inquérito, Alexandre Custódio, pediu a prorrogação da prisão temporária, que vencia à meia-noite de ontem, alegando que ainda precisa confrontar declarações contraditórias dos depoimentos. Após analisar o material disponível, ele concluiu que ainda não tem dados suficientes para a conclusão dos inquéritos policiais.
A prisão temporária tem prazo de validade por cinco dias, contados a partir da detenção. Mas pode ser prorrogada pelo mesmo prazo, desde que seja com autorização judicial. É comum a polícia solicitar a dilatação. Depois disso ainda pode ser solicitada a prisão preventiva dos principais suspeitos. Nesse caso, o período é indeterminado.
Entre os que foram libertados está Andrei Cunha Galileu, ex-empregado e sobrinho de Servo. Apontado como um dos detidos com maior potencial de informações, ele ganhou o benefício da deleção premiada e prestou dois depoimentos antes de sair.
A PF disse que ele ajudou a esclarecer o relacionamento entre os chefes da máfia. Um dos citados por ele foi Morelli, o compadre do presidente. Na segunda-feira passada os advogados de Galileu solicitaram sua inclusão na lista de testemunhas protegidas.
Também foi Galileu, no primeiro depoimento, que informou à PF que Servo teria repassado dinheiro a Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão mais velho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Vavá foi indiciado por tráfico de influência no Executivo e exploração de prestígio no Judiciário.
Foragidos
Do conjunto de suspeitos, seis continuam foragidos – entre eles o ex-deputado estadual e federal de Mato Grosso do Sul, Gandi Jamil Georges, considerado peça importante no processo. Ele é irmão de Fahad Jamil Georges, empresário de Ponta Porã, na divisa com o Paraguai, condenado pela Justiça Federal a 25 anos de prisão por tráfico de droga, contrabando e lavagem de dinheiro.
Entre os acusados pela PF aparecem nove advogados, sete policiais civis e sete da Polícia Militar. Mas a maioria dos que permanecem presos é de pessoas diretamente ligadas à chamada máfia dos caça-níqueis.