A Justiça demorará pelo menos 273 dias para ouvir as mais de 600 testemunhas de defesa arroladas pelos réus da ação penal do mensalão. O prazo dado pelo relator da ação no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, mostra que até por volta de maio de 2010 o andamento do processo ficará restrito aos interrogatórios de testemunhas em 18 Estados. Uma das razões da demora é o fato de o STF ter decidido, no ano passado, que essas audiências não podem ser marcadas para a mesma data em Estados distintos. A decisão dá tempo para que os advogados dos 39 réus se desloquem de um Estado para o outro a fim de acompanhar todos os interrogatórios.
Por essa sistemática, as testemunhas que moram em Minas serão as primeiras a depor. Os juízes da 4ª Vara Federal de Minas terão 80 dias para interrogar mais de 180 testemunhas de defesa. Somente depois desse prazo o juiz de Vitória (ES) poderá marcar a audiência para as duas testemunhas que moram no Estado. Os últimos interrogatórios serão das mais de 200 testemunhas que moram em Brasília, em especial de deputados, senadores e ministros arrolados para defender os acusados de participar do esquema do mensalão.
Entre os parlamentares que serão ouvidos como testemunhas estão o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), o ex-presidente da Casa Arlindo Chinaglia (PT-SP) e a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) – os três arrolados como testemunhas de defesa do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Os ministros das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, e do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, também serão ouvidos pela Justiça do Distrito Federal. Múcio é testemunha de defesa do ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri; Geddel e Patrus são testemunhas do deputado João Paulo Cunha (PT-SP).