A Justiça Eleitoral embargou nesta terça-feira (24) as obras do projeto Cimento Social, que estava sendo liderada pelo Exército no Morro da Providência, no centro do Rio. O juiz Fábio Uchôa, responsável pela fiscalização da propaganda eleitoral, considerou que a obra tem cunho eleitoral e beneficia o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), autor do projeto, que é pré-candidato à prefeitura do Rio. Na decisão, o juiz faz referência a panfletos distribuídos por militantes do senador com fotos dele sobrepostas às imagens das obras na favela. Também foram consideradas evidências do uso eleitoral páginas de Crivella na internet fazendo referência ao projeto Cimento Social.
Segundo o juiz, o fato de o convênio entre os ministérios da Defesa e das Cidades ter sido firmado em 31 de janeiro deste ano em pleno ano eleitoral, viola a legislação que veda esse tipo de iniciativa próximo a pleitos. Oficiais de Justiça estiveram nesta manhã no morro e no Comando Militar do Leste (CML), onde está o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para notificar o Exército e os empreiteiros da obra, que deverá ser paralisada até as eleições. Cabe recurso da decisão ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
O Cimento Social tornou-se centro das atenções depois que três jovens da Providência foram entregues por 11 militares a traficantes da favela da Mineira, dominada por uma quadrilha rival à da Providência. Eles foram torturados e mortos e os corpos encontrados num lixão. Os militares estão presos e foram indiciados por homicídio triplamente qualificado.