São Paulo – O juiz Luiz Fernando Migliori Prestes, da 1.ª Vara de Itapecerica da Serra, decretou a prisão preventiva do empresário Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, acusado de ser o mandante do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel (PT), morto em janeiro do ano passado. “Sombra” se entregou na noite de ontem para a polícia. O empresário chegou algemado à Delegacia de Homicídios, no centro de São Paulo. Sombra estava acompanhado de seus advogados. Eles afirmaram que vão entrar com pedido de hábeas corpus na Justiça. Sombra vai ficar preso em uma cela especial por ter formação superior.

Anteontem, a Justiça aceitou a denúncia dos promotores contra “Sombra”. Com a decisão, o empresário passou a ser réu e responde a processo criminal por homicídio triplamente qualificado, por financiar a morte, por impossibilitar a defesa da vítima e para garantir a execução de outros crimes (corrupção na Prefeitura de Santo André). De acordo com o Ministério Público, “Sombra” fazia parte de um esquema de corrupção na Prefeitura de Santo André, que recebia propina de empresas de transporte e o prefeito Celso Daniel teria tomado providências para acabar com a fraude ao descobri-la.

Contradições

As contradições entre as declarações de “Sombra” e as perícias feitas pela polícia aumentaram mais as suspeitas sobre o amigo do ex-prefeito. “Sombra” havia dito que houve problemas nas travas elétricas do carro em que estavam, que houve tiroteio com os bandidos e que o carro morreu. A perícia da polícia desmentiu todas as declarações. Primeiro, não foi constatado problema na trava elétrica do carro. Segundo, não foram achadas marcas de tiros. E, em terceiro lugar, por ser um carro automático, ele não poderia “morrer”.

A denúncia do MP diz que “Sérgio Gomes deliberadamente estancou marcha e abriu a trava da porta do automóvel para que Celso, como previamente acertado com os demais autores do crime, pudesse ser retirado e levado para a morte. Toda a ação teria sido, portanto, planejada e desenvolvida para a retirada do passageiro, único alvo de toda aquela encenação”.

“Sombra” estava no carro com o prefeito no momento em que ele foi seqüestrado em São Paulo, em 18 de janeiro de 2002. Celso Daniel foi morto dois dias depois por uma quadrilha de traficantes. Ele havia sido levado para um cativeiro na favela Pantanal, em Diadema, e depois para uma chácara em Juquitiba. Na época, o inquérito concluiu que teria sido um seqüestro seguido de morte. A família do ex-prefeito, inconformada, solicitou a reabertura das investigações ao Ministério Público.

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