Justiça decreta prisão de madeireiros

Envolvimento de pessoal do Ibama
na liberação de madeira ilegal causou
mal-estar no governo petista.

Cuiabá – O juiz federal Julier Sebastião da Silva decretou a prisão preventiva de 35 pessoas acusadas de envolvimento com a maior quadrilha especializada em extração ilegal e venda de madeira na Amazônia. Desde o dia 2 a Polícia Federal prendeu 101 pessoas na Operação Curupira. A decisão foi tomada pela Justiça no final de semana.

A conversão das prisões temporárias em preventivas foi solicitada pela Polícia Federal para garantir o andamento das investigações. Estão envolvidos despachantes, madeireiros e servidores públicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). O ex-gerente executivo do Ibama em Mato Grosso, Hugo José Scheuer Werle, acusado de liderar a quadrilha, continua preso.

No despacho, o juiz argumenta que há elementos suficientes para manter os suspeitos detidos. Mais de 60 integrantes da quadrilha já foram soltos, entre eles o ex-secretário de Meio Ambiente de Mato Grosso, Moacir Pires.

Segundo o delegado Tardelli Boaventura, que preside as investigações, apesar de a maioria dos acusados não ocupar mais cargos públicos – foram exonerados ou afastados -, os integrantes da quadrilha poderiam usar sua influência para cometer novos crimes. A prisão temporária estabelece um limite máximo de cinco dias de detenção, renováveis por mais cinco. A prisão preventiva é por até 81 dias.

Bens

A madeira retirada da Amazônia rendeu à quadrilha R$ 890 milhões. Eles são acusados de desmatar 43 mil hectares para retirar, ilegalmente, 1,9 milhão de metros cúbicos de madeira. De acordo com o Ministério Público, Polícia Federal e Ibama, para recuperar a área devastada serão necessários R$ 108 milhões.

Os bens de todos os envolvidos estão indisponíveis, por determinação do juiz Sebastião da Silva. A madeira retirada dessa área tinha como destino a Europa. As investigações começaram há nove meses. Suspeita-se de que a quadrilha, envolvendo servidores do Ibama, atuava há 14 anos.

A Operação

Polícia Federal, Ibama e Ministério Público Federal deflagraram no início de junho a "Operação Curupira", após nove meses de investigações. A operação tem como objetivo desmontar esquema de fraude e corrupção instalado no Ibama-MT. A organização criminosa era composta por madeireiros e despachantes especializados na extração e transporte ilegal de madeira, mediante corrupção de servidores públicos do Ibama e da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema). Segundo as investigações, o núcleo de toda a fraude consistia no fornecimento ilícito, pelos servidores corruptos, de Autorizações para Transporte de Produtos Florestais (ATPFs), como forma de ?esquentar? estoque ilegal de madeira existente nos pátios das grandes madeireiras. De acordo com levantamentos preliminares, o destino da madeira era a comercialização no País e no exterior, para onde era enviada através do Porto de Paranaguá (PR).

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