O jurista morreu, aos 90 anos, às 5h45 de ontem. Ele estava internado desde quinta-feira passada, quando sofreu uma queda e teve traumatismo craniano. O acidente aconteceu após o desembarque no Aeroporto Santos Dumont. Evandro voltava de Brasília, onde havia sido nomeado conselheiro da República pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Ao tentar entrar num carro, o jurista caiu e bateu com a cabeça. Operado no mesmo dia no Hospital Souza Aguiar, ele foi transferido na madrugada de sexta-feira para a clínica São Vicente, onde entrou em coma.
Célebre pela atuação política e a participação em casos rumorosos, o piauiense Evandro Lins e Silva defendeu ativistas de todas as tendências ideológicas e era considerado um dos maiores criminalistas brasileiros. Nos anos 70, assumiu a defesa de Doca Street, que havia assassinado a tiros sua mulher, Ângela Diniz, num dos casos mais comentados da alta sociedade brasileira. Em 1992, destacou-se na chefia da banca de advogados de acusação do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Foi correspondente da ONU no Brasil para matéria penal e penitenciária, procurador-geral da República e chefe do Gabinete Civil da Presidência da República no governo João Goulart, entre 1961 e 1963. Foi também ministro das Relações Exteriores e ministro do Supremo Tribunal Federal.Repercussão
O presidente Fernando Henrique Cardoso divulgou nota oficial na qual lamentou a morte do jurista e acadêmico. Na nota, o presidente afirma que recebeu consternado a notícia da morte de Evandro, e ressalta que ao longo de sua vida aprendeu a admirar o jurista “como uma referência e uma inspiração para todos que lutaram em favor da liberdade, da ética e da justiça”.
Lula disse que “estou convencido que ninguém é insubstituível, mas que da mesma forma que no futebol vai demorar muitos anos para aparecer um novo Pelé, no boxe, vai demorar muitos anos para aparecer Cassius Clay, certamente na advocacia brasileira vai demorar muitos anos para que apareça um novo Evandro Lins e Silva. Obviamente nós temos 800 mil advogados no Brasil, mas ele era especial, pelo seu caráter, pela sua ética, pela sua história, e pela sua luta”.