Sete jurados atentos e quase sempre impassíveis devem decidir hoje à noite o destino de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Christian Cravinhos, acusados do crime de maior repercussão dos últimos anos. O Ministério Público Estadual pedirá condenação de 50 anos para cada réu – 25 pela morte de Manfred e 25 pela de Marísia von Richthofen.
Hoje, a sessão no 1º Tribunal do Júri deve começar às 9 horas, com o debate entre acusação e defesa. Primeiro, os promotores Roberto Tardelli e Nadir de Campos terão três horas para tentar convencer os jurados de que os réus agiram por motivo torpe (interesse pela herança, no caso de Suzane, e crime para obter pagamento, por parte de Daniel e Christian), meio cruel (golpes com barras de ferro e asfixia de Marísia) e recurso que impossibilitou a defesa da vítima (o casal dormia). Afirmarão que Suzane foi a mentora do crime.
Os advogados, em seguida, também terão três horas – provavelmente, metade para cada defesa. Geraldo Jabur dirá que Daniel foi induzido por Suzane a cometer o crime e que Christian entrou na história por amor ao irmão. Mauro Otávio Nacif sustentará a versão da moça rica, virginal, obcecada pelo então namorado interesseiro e envolvida na trama por ele.
O quarto dia do julgamento, ontem, que começou ao meio-dia, com duas horas de atraso, foi o mais cansativo. No começo, quando foram exibidas fotos dos laudos necroscópicos de Manfred e Marísia, Suzane assoou o nariz algumas vezes. Segundo o advogado Mário Sérgio de Oliveira, ela chorou.
A ausência de Nacif no plenário – ele teve de ir a uma clínica por conta de um descolamento de retina no olho esquerdo – levantou a suspeita de que se tratava de uma estratégia para atrasar o julgamento. Ele apareceu à tarde e passou o resto do dia com a cabeça inclinada para a esquerda. "São recomendações médicas. Mas isso não vai atrapalhar nada."
A pedido da defesa da jovem, foram lidas 400 páginas de depoimentos, petições de seus advogados e cartas de amor dela para Daniel. O rapaz chorou durante a leitura de algumas cartas, mas ela não se emocionou. Depois, foram exibidos vídeos com a reconstituição do crime, um programa de televisão debatendo o caso e uma entrevista veiculada por uma rádio.
Cálculo da pena – Na sala secreta, os jurados ficam com dois papéis nas mãos – sim e não. O juiz faz a pergunta, um servidor público passa com um saco recolhendo os votos e entrega a ele.
Em seguida, ele recolhe também os papéis não depositados para que não se identifique a opinião de cada um. O magistrado conta os votos, os papéis são devolvidos e tudo recomeça.
O júri responderá a uma série de quesitos, formulados pelo juiz, que abordarão a autoria dos crimes e as teses das defesas. Em seguida, serão questionados sobre as qualificadoras e circunstâncias atenuantes. Além do homicídio, os três respondem por fraude processual e Christian, também por furto. O juiz Alberto Anderson Filho decidirá então pela pena. O cálculo depende muito da linha de pensamento do juiz. A princípio, seria entre 12 e 30 anos.