Brasília – O estrito cumprimento das regras constantes do Código Penal fez com que, após 16 anos, continue pendente o julgamento de mais 100 policias que participaram da invasão à casa de detenção do Carandiru em 1992, em que 111 presos foram mortos. E pela mesma razão, segundo o promotor de justiça Norberto Joia, que acompanha a ação pelo Ministério Público de São Paulo, não há nem mesmo previsão de prazo para que os réus sejam julgados.

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?O legislador não podia imaginar que uma ação penal tivesse tantos réus, com diversos advogados, que demandasse um tempo tão grande para cumprir as garantias e fases que o procedimento prevê?, afirmou Joia. ?Não há possibilidade de se estabelecer um prazo [para o julgamento]. Seria leviano em dizer qualquer coisa nesse sentido?, acrescentou.

O promotor lembrou que o processo se iniciou perante a Justiça militar estadual. Com a alteração na legislação, no sentido de que crimes de homicídio praticados por militares contra civis deveriam ser da competência da Justiça comum, o processo seguiu para o Tribunal do Júri, onde foi necessária uma adequação de procedimentos.

?Como existem diversos réus, advogados, direitos que não podem ser suprimidos, garantias processuais e prazos que correm individualmente, isso fez com que houvesse uma procrastinação [adiamento] indesejável?, explicou Joia.

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No momento, o processo encontra-se em grau de recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Por haver indícios de autoria de crime doloso contra a vida, o juiz determinou que os réus fossem julgados por júri popular, situação com a qual os denunciados não concordam.

Depois que o TJ-SP decidir a questão, será necessário definir os procedimentos para o julgamento de um número elevado de réus. A absolvição, em 2006, do coronel Ubiratan Guimarães, que chefiava a operação militar no Carandiru, é considerada ?equivocada? pelo promotor Joia.

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Ele disse esperar que o fato não influencie o julgamento dos demais réus: ?A situação dos outros é bem diferente da do coronel Ubiratan. Ele era responsável por tudo. Os demais, alguns respondem por três mortes, outros por quatro, outros por uma.?