A cidade de Arapiraca (AL) está dividida entre os moradores que exigem punição para os três padres acusados de pedofilia e aqueles que perdoam os sacerdotes. Luiz Marques Barbosa, Raimundo Gomes e Edilson Duarte teriam abusado sexualmente de três coroinhas da Igreja Católica, quando as vítimas eram menores de idade.
“A cidade está dividida: quem não tem fé está contra os padres, quem tem fé está do lado da Igreja e torce pela absolvição dos religiosos”, resume a comerciante Cintia Nascimento.
Para o vendedor ambulante Manoel dos Santos Lima, os padres precisam pagar pelos erros que cometeram, “mas o maior julgamento será feito pela Justiça divina”.
Para dona Áurea Valeriano da Silva, que é neta do Manoel André, fundador da cidade de Arapiraca, os padres acusados já foram “condenados” pela mídia. “Eles ensinaram muitas coisas boas à comunidade arapiraquense. Portanto, não acredito nessa denúncia. Para mim, os padres é que quem foram molestados”, afirmou a filha do patrono da cidade.
O julgamento dos religiosos começou hoje às 9 horas da manhã e foi suspenso por volta das 19 horas, para ser retomado somente no dia 22 de julho. A audiência de instrução e julgamento são presididas pelo juiz João Luiz de Azevedo Lessa, da Vara da Criança e da Juventude de Arapiraca. Dois representares da Santa Sé, designados pela Diocese de Penedo (AL), acompanham o julgamento, a pedido do Vaticano.
De acordo com os autos do processo, as investigações apontaram que os padres prometiam vantagens econômicas aos coroinhas para ganhar a confiança deles e depois tirar proveito das vítimas.
Um dos sacerdotes, o monsenhor Luiz Barbosa, chegou a ser filmado fazendo sexo oral com um dos coroinhas. Mesmo assim, os três negaram envolvimento com pedofilia.
O caso foi investigado pela CPI da Pedofilia, que chegou a realizar uma sessão pública em Arapiraca, sob o comando do senador Magno Malta (PR-ES). Durante a sessão, o senador mandou exibir o vídeo onde o padre aparece fazendo sexo com o coroinha. As imagens chocaram as pessoas que assistiam a sessão e geraram protestos da sociedade local.