Paulo Afonso Sandri, juiz estadual em Itajaí (SC) que mandou grampear investigados da Operação Influenza da Polícia Federal – que apura suposto esquema de fraudes, evasão de divisas e lavagem de dinheiro -, virou alvo de sindicância no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O procedimento foi aberto com base em reclamação disciplinar do prefeito da cidade, Volnei José Morastoni (PT), que atribui ao magistrado “prática de interceptações ilegais”. Ele alega ser vítima de retaliação de Sandri.
A Influenza foi desencadeada em junho e prendeu 24 suspeitos, entre eles o empresário Francisco Ramos, sócio da Agrenco S.A. As prisões foram decretadas pela Justiça Federal em Florianópolis. As escutas autorizadas por Sandri pegaram diálogos de pessoas que não são alvo da operação – o deputado Décio Lima (PT-SC) e Marcelo Sato, genro do presidente Lula, aparecem em contatos que sugerem empenho de ambos em atender a pedidos de Ramos perante repartições federais.
Ao CNJ, Paulo Sandri rebate um a um os pontos da reclamação. O juiz esclarece que em meados de 2007 delegados da PF o informaram sobre crime de sonegação de impostos municipais e da necessidade da quebra do sigilo telefônico de suspeitos. Ele sustenta que não autorizou diligência nem escuta “tendo como alvo o prefeito ou outro político”. Explica que ao constatar crime de lavagem determinou imediata remessa dos autos à vara especializada federal, em Florianópolis. Sandri nega categoricamente ter promovido vazamento de dados confidenciais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.