A 18ª Vara Criminal de São Paulo decretou a prisão preventiva de quatro dos cinco policiais civis acusados de extorquir US$ 260 mil do traficante colombiano Manuel Yespes Penágos, conhecido como El Negro, e de achacar a mulher de um empresário. Detida com o colombiano, ela foi obrigada a pagar R$ 300 mil para que os policiais não forjassem contra ela um flagrante de tráfico de drogas.
Além de decretar a prisão dos investigadores Nilton Cesar de Azevedo, Antônio Aparecido Silva, o Batata, Ricardo Oscar Grosser Travesso e Dimitri Spada, a 18ª Vara Criminal recebeu a denúncia dos promotores Pedro Baracat e Luiz Faggioni contra o grupo. O único acusado que não teve a prisão decretada foi o delegado Antônio Carlos de Castro Machado Júnior.
A acusação contra os policiais inclui, além do achaque, extorsão mediante sequestro, cárcere privado e tráfico de drogas. Segundo as investigações feitas pelo delegado Caetano de Paulo Filho, da Corregedoria da Polícia Civil, os réus sequestraram El Negro e sua mulher, Juliana Londono, quando eles saíam de uma boate em companhia da mulher do empresário, também detida pelos policiais.
Para justificar a prisão dos três, os policiais obrigaram uma informante a plantar comprimidos de ecstasy e um frasco com ecstasy líquido no carro da mulher do empresário e com o colombiano. O delegado Caetano descobriu os detalhes da trama depois de identificar a informante – uma jovem que conhecia a mulher do colombiano.
As vítimas dos policiais foram levadas à então sede do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), no Butantã, zona oeste de São Paulo. Ali foram mantidas enquanto não providenciavam o dinheiro. Procurado pela Interpol (polícia internacional) pelo envio de toneladas de cocaína para a Espanha, El Negro pagou US$ 150 mil para livrar sua mulher e ficar preso com a identidade falsa de Manoel de Oliveira Ortiz, um mineiro nascido em Borda do Campo. Mais tarde, os policiais exigiram mais dinheiro de El Negro. Eles alegam inocência.