Maior defensor de um entendimento entre governo e oposição para evitar duas CPIs sobre o mau uso dos cartões corporativos, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), jogou a toalha. ?É pequena a chance de um acordo?, avaliou ontem. Ainda assim, a oposição deu prazo até as 14 horas para o governo decidir se quer partilhar o comando da CPI mista ou se parte para o confronto e enfrenta a segunda comissão sobre o mesmo assunto.
Sob pressão do DEM e PSDB, o presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), já anunciou que, sem acordo, não terá alternativa que não a leitura do requerimento que pede investigação exclusiva de senadores. A oposição sabe que a simples criação da CPI não é sinônimo de começo da apuração – há quatro outros pedidos de CPI já lidos e que aguardam abertura.
O maior obstáculo ao entendimento está no PT, que não quer dever favores ao PMDB, com o argumento de que são os petistas que sempre pagam a conta cedendo espaço. Defensor do acordo, o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES), aposta que o governo não cederá por causa das eleições. ?O governo tem certeza de que a oposição começou a esticar a corda na CPMF e não vai mais parar até 2010?, diz ele, convencido de que o maior prejudicado não será o Planalto. ?Vai ser muita algazarra para pouco resultado, aumentando o desgaste do Senado.? Para Jucá, ?é ridículo? ter duas CPIs.
A tática da oposição será a de desmoralizar a ?CPI chapa-branca? e mostrar que governistas não têm interesse de investigar coisa alguma. O primeiro movimento nessa direção foi feito ontem, na reunião de líderes no Senado. Como o governo teima em manter a presidência com o PMDB, que é dono da maior bancada da Casa, o líder tucano Arthur Virgílio (AM) sugeriu Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) para dirigir o inquérito.
Furioso, o líder do PMDB, Valdir Raupp (RO), acusou Virgílio de se intrometer em assunto de seu partido. ?Não aceitarão meu nome?, prevê Jarbas. O Lula sabe que eu não seria dócil ao governo nem seria joguete de ninguém.?