A estudante Raphaella Lobo Barbosa de Jezus, de 17 anos, afirmou na manhã deste domingo, 11, que perdoa seu sequestrador, Paulo Alberto Ferreira da Silva, de 32. “Ele não me faz mal nenhum. Percebi que estava desesperado. A única coisa que tenho dele é pena, eu acho”, disse ela na casa em que mora, em Anchieta (zona norte do Rio).
Na noite deste sábado, 10, Raphaella passou duas horas e meia com uma tesoura no pescoço, capturada por Silva dentro de um ônibus da linha 723, na Avenida Brasil, altura do bairro de Guadalupe (zona norte) O criminoso acabou se rendendo à Polícia Militar (PM), sem feri-la e ao motorista Júlio César Pereira, também refém.
Raphaella contou que saíra do curso de inglês em Vila Valqueire (zona oeste) e seguia para casa no ônibus da linha 723 (Mariópolis-Cascadura). O sequestrador entrou na condução na altura de Deodoro, bairro na zona oeste. A estudante disse que o homem perguntou a ela onde era o ponto final. “Falei que era em Mariópolis.”
A seguir, ainda segundo o relato da vítima, Silva sentou no banco atrás dela. Na Avenida Brasil, na altura do shopping Jardim Guadalupe, ele levantou-se, puxou-a pelos cabelos, apontou-lhe uma tesoura para o pescoço e anunciou o sequestro em voz alta. Ordenou, então, ao motorista que cruzasse o ônibus na pista e, aos passageiros, que descessem imediatamente.
Raphaella afirmou que Silva logo falou para ela que não queria fazer mal nem matar ninguém, mas que estava “desesperado, enfrentando muitos problemas”.
“Só quero a presença da imprensa, da polícia e da família”, disse o sequestrador, de acordo com Raphaella, que em nenhum momento foi agredida nem ouviu do criminoso explicação para a situação de desespero que falara estar vivendo.
A jovem conta que pediu para telefonar para os pais. Ele mesmo pegou o celular dela e fez a ligação. Quando o técnico em comunicações Cosme Luiz de Jezus, de 42 anos, atendeu, Silva disse a ele que sequestrara a filha, mas não lhe faria nenhuma maldade. Jezus desligou o telefonema, por entender que era um trote. O sequestrador ligou então para a avó de Raphaella, Aldinéa Barbosa, de 60 anos.
A mulher ouviu o que ele tinha a dizer e, como já acompanhava pela TV o sequestro do ônibus, avisou ao restante da família que a neta era refém. Segundo Raphaella, o homem decidiu entregar-se à polícia depois que o negociador do Batalhão de Operações Especiais (Bope) rezou um Pai Nosso com todos eles. Então, entregou a tesoura ao policial, tirou a camisa e desceu do ônibus.
“Ele ainda me pediu o casaco. Disse que sentiria frio para onde iria. Eu entreguei”, rememorou a jovem durante o churrasco familiar em que comemorou o Dia das Mães.