Até o ano passado, a estudante Joyce Vollmer, de 19 anos, tinha duas atividades principais: durante a semana dava aulas de balé, jazz e sapateado em Araruama (RJ), na região dos Lagos, e, aos sábados e domingos, trabalhava como maquiadora profissional em festas e casamentos dos arredores. Balé e maquiagem: enquanto decidia o que fazer no vestibular, Joyce se dedicava a trabalhos bem próximos de estereótipos do que seria o “feminino”.

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Desde março, tudo mudou – até o rótulo, pois agora ela frequenta o Exército, instituição que exalta ideais tidos como masculinos, como virilidade e resistência física.

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Pois Joyce se tornou Vollmer, como indica o nome de guerra na farda, e está entre as 37 alunas da primeira turma de Campinas. A presença dela mostra como podem estar erradas ideias preconcebidas. “Meu pai é militar, então sempre olhei para a carreira com admiração. Quando decidi seguir um caminho parecido, ninguém acreditava”, conta. “Diziam: ‘Meu Deus, tão delicada, faz maquiagem, dá aula de dança, e agora vai atirar, vai rastejar’? Como se todo militar tivesse de ser bruto.”

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Em maio, Vollmer participou do treinamento de campo, onde atravessou a nado um curso d’água com mochila de 16 quilos nas costas, fez rapel e orientação noturna usando apenas uma bússola.

Dois meses depois, em um baile na EsPCEx, ela vestiu farda de gala, e, por alguns momentos, voltou ao antigo ofício. Maquiou a mãe e a irmã para a festa. “Não vejo razão para deixar de fazer o que gosto por causa de minha profissão ou dos estudos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.