Campinas – A adolescente M.M.C., de 15 anos, cujos pais e irmã morreram envenenados por arsênico, pediu que fossem buscá-la em Cascavel, no Paraná. Ela tinha fugido da casa da avó materna, em Campinas, no interior de São Paulo, em 21 de fevereiro e era procurada pelas autoridades. ?Ela pediu ajuda e fui designada pelos delegados para ir encontrá-la?, afirmou a psicóloga forense Maria de Fátima Franco dos Santos. A garota e a psicóloga desembarcaram no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, no fim da noite de sexta-feira.

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M.M.C. estava em um hotel de Cascavel e entrou em contato com a polícia de Campinas. A psicóloga é integrante da equipe de investigação que apura as circunstâncias da morte por envenenamento causado por arsênico da família da adolescente: o pai, o médico homeopata Hudson da Silva Carvalho, de 46 anos; a mãe, Thelma Almeida Migueis, de 43; e a irmã, Layla Migueis Carvalho, de 17, no fim de janeiro. Pelo fato de ter sido decretado sigilo no inquérito que investiga o caso, muitas questões não puderam ser divulgadas: onde é o hotel, ela esteve todos esses dias naquele local, estava sozinha, como chegou até lá e por que fugiu?

?São questões que estão em segredo de Justiça?, justificou a psicóloga. ?Ela me contou tudo?, garantiu, acrescentando que esse foi o primeiro contato entre ambas e durou nove horas. ?A conversa foi tranqüila e muito natural, a iniciativa foi dela?, disse, afirmando ter muitos elementos para definir o perfil da personalidade da garota. ?Ela é uma menina carente que precisa de muito afeto.?

A jovem, disse ainda a psicóloga, estava muito cansada e dormiu durante a viagem de avião. Agora, a garota deverá prestar à polícia novo depoimento, considerado fundamental para as investigações. Ela também tem de passar por exames médicos, pois ainda deve ter arsênico em seu organismo.

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Antes de fugir da casa da avó, M.M.C. gravou uma fita de vídeo dizendo ser inocente. Afirmou que jamais faria uma coisa dessas: matar alguém. Foi por causa da exibição do vídeo pelo programa ?Fantástico? que a Justiça decretou que o inquérito seja feito sob sigilo. O delegado que apurava o caso foi afastado das investigações, que passaram para a Delegacia Seccional. Segundo a polícia, só pode ter sido alguém da família que envenenou os outros.