O jovem Douglas Igor Marques, de 19 anos, foi ferido com um tiro na barriga no Parque Garota de Ipanema, no Arpoador, na zona sul do Rio, na noite de ontem, depois da Parada Gay, teve alta na tarde de hoje. Os pais do rapaz, que o acompanham, acreditam que o crime foi motivado por homofobia.
Em depoimento concedido ao delegado Alessandro Thiers, da delegacia do Leblon (14º DP), ele acusa três militares do Exército de o terem abordado e a seu namorado, quando os dois estavam “dando beijos”. Um inquérito foi instaurado para apurar a tentativa de homicídio e o crime de discriminação por preconceito.
Os três militares, segundo depoimento, apareceram no parque – separado por uma grade do Forte de Copacabana – no momento em que um grupo de pessoas usava a área para ter relações sexuais ou simples namoro, como disse que era o seu caso. “Eles estavam com roupa camuflada, aquela meio azulada, juntaram um aglomerado de cerca de 15 pessoas em um determinado lugar, quando então começaram a tocar o terror psicológico”, disse a vítima. “Começaram a ofender, a xingar, dizendo que se pudessem eles matavam cada um de nós, com as próprias mãos, porque isto era uma raça desgraçada. Humilharam e bateram, entre outras coisas”, acrescentou o jovem, estudante da 3ª série do ensino médio, depois de ser atendido no hospital Miguel Couto. O ferimento foi superficial.
Pelo relato do jovem ao delegado, o tiro foi disparado por um militar baixo, gordo e de língua presa, que estava acompanhado de um alto e magro, ambos possíveis de serem reconhecidos por ele. Depois que o jovem caiu atingido na barriga pelo tiro de pistola, o militar lhe deu um chute “como se tivesse tocando um cachorro”, disse o delegado. Sangrando, ele foi socorrido por policiais militares.
O Comando Militar do Leste pela manhã de hoje divulgou nota afirmando que “nenhum militar do forte de Copacabana disparou arma de fogo esta madrugada no Arpoador”. Negando que militares façam ronda na área externa ao Forte, à tarde encaminhou dois oficiais à Delegacia para oferecerem toda a ajuda necessária no esclarecimento do caso. Segundo informaram ao delegado, foi aberto um processo investigatório interno e, na próxima quinta-feira, os 30 militares em serviço ontem serão levados à delegacia, incluindo os únicos três que portavam arma durante o plantão.