Justiça com as próprias mãos

Jovem acusado de roubo apanha na rua no centro do Rio

Um jovem foi agredido por populares na Avenida Rio Branco, uma das principais do centro do Rio, na manhã desta sexta-feira, 9. Ele foi acusado de roubar o cordão de uma mulher que passava e foi parado por transeuntes.

Revoltados com os assaltos constantes na região, cinco homens deram socos e tapas na cabeça e no tórax do rapaz. Poucos minutos depois, a própria mulher voltou ao ponto em que havia sido roubada, o reconheceu e o estapeou. A reportagem filmou a agressão.

A mulher assaltada, que não se identificou – disse apenas ser dona de casa, morar na França e estar no Rio de férias -, deu vários tapas no rosto do adolescente, que começou a chorar. Vestido de bermuda e camiseta regata, ele aparentava ter entre 16 e 18 anos, e teria levado um cordão com uma pedra decorativa do pescoço dela.

O garoto foi detido pela Guarda Municipal logo depois. Em seguida, chegou um carro da PM com outro suspeito já capturado. A mulher então reconheceu o segundo garoto como cúmplice do primeiro, e todos seguiriam para a delegacia, segundo os PMs.

No entanto, à tarde, a reportagem esteve na 4.ª e na 5.ª Delegacias, as duas mais próximas, e também na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), e não encontrou registro da ocorrência. O vídeo feito foi enviado à DPCA a pedido dos policiais.

Humilhação.

O assalto à mulher foi às 10 horas. O suspeito foi segurado por populares rapidamente. Quando a reportagem chegou, ele estava encostado em uma árvore, quase na esquina da Rio Branco com a Avenida Presidente Vargas, e apanhava. Um homem o segurava e os demais batiam nele com força. Não havia guardas até então.

Apenas uma pessoa pedia calma; os demais gritavam: “Tem de meter porrada! Aqui tem assalto o tempo todo!” Quando o rapaz começou a chorar, o grupo passou a humilhá-lo. A mulher chegou e o reconheceu. “Vai estudar, vai para uma escola, desgraçado! Vai engraxar sapato, vai ser camelô!”, ela gritava.

O garoto pedia: “Desculpa, tia, eu não te roubei, não”. E ela continuou: “Daqui você não sai. Não me chame de tia, eu não sou sua tia. Na minha família não tem ladrão, são todos estudantes, todo mundo trabalhou, todo mundo estudou em colégio do governo e todo mundo se formou, é trabalhador. Isso é uma pouca vergonha!”

O guarda municipal chegou quando as agressões já haviam cessado. O garoto então levantou a camiseta, abriu a boca e mostrou que não havia escondido o cordão sob a língua, como a mulher insinuava.

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