Câmara Federal ficou imprevisível |
Brasília – Há apenas 18 dias na presidência da Câmara, o deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) viveu uma semana dramática, sofrendo pressões de todos os lados e amargando duas derrotas pessoais. Em um único dia, anteontem, Severino foi obrigado a abandonar suas convicções religiosas e viu o plenário da Câmara aprovar por ampla maioria a nova Lei de Biossegurança, que permite a pesquisa com células-tronco embrionárias. Depois, Severino assistiu sua promessa de campanha à presidência da Câmara de aumentar os salários dos parlamentares para R$ 21,5 mil ir por água abaixo.
Na presidência da Câmara pelos próximos dois anos, Severino sinalizou esta semana que deverá deixar a cargo do primeiro vice-presidente da Casa, José Thomaz Nonô (PFL-AL), o comando das sessões polêmicas. A sessão que aprovou a Lei de Biossegurança deverá ser uma fotografia de como será a administração de Severino Cavalcanti. Ele passou pouco mais de uma hora no comando da Casa. E neste curto período, protagonizou um bate-boca com o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), que ficou inconformado com a decisão do presidente de não começar logo a discussão da Lei de Biossegurança. "Realmente discordei dele, mas me calei quando ele disse que sua autoridade tinha de ser respeitada", contou Maia.
A maior parte da sessão que aprovou a Lei de Biosssegurança foi presidida por José Thomaz Nonô (PFL-AL), que é o primeiro vice-presidente da Câmara. Aos 74 anos e um marca-passo no coração, Severino deixou a sessão com problemas de pressão causados pela diabete. Todas às vezes que fica emocionado ou é muito pressionado, a taxa de açúcar no sangue de Severino dispara. Horas antes, o presidente da Câmara havia tentado uma manobra junto com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, para aumentar os salários dos parlamentares. Mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), brecou a proposta de reajuste.