José Genoino deixa presidência do PT

Arquivo / O Estado

Genoino: "Vamos dar a volta por
cima, surpreendendo mais uma
vez os articulistas".

Brasília – O presidente do PT, José Genoino, renunciou ontem à tarde ao cargo, durante reunião do diretório nacional do partido. Um dos nomes cotados para assumir a presidência é o do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Luiz Dulci. Ele, no entanto, não gostou da idéia e está resistindo a sair do ministério para assumir uma vaga na direção do PT.

José Genoino estava na corda-bamba desde que seu nome apareceu vinculado ao do publicitário Marcos Valério – acusado de operar o esquema mensalão e avalista de empréstimos do PT. Sua situação se tornou ainda mais delicada com a prisão de José Adalberto Vieira da Silva, secretário de Organização do PT do Ceará e assessor do deputado estadual José Nobre Guimarães, irmão de Genoino. Adalberto foi detido, na noite de sexta-feira, quando tentava embarcar no aeroporto de São Paulo com uma mala contendo R$ 200 mil.

A permanência de Genoino no cargo dividiu opiniões de ministros e integrantes do partido que participam do encontro. Ao chegar para o encontro, o ministro da Reforma Agrária, Miguel Rossetto, defendeu a saída do deputado.

"Há de se reconhecer um esgotamento político da atual direção do partido. A reestruturação integral da executiva partidária é uma medida correta. Ela cria uma base de unidade partidária importante e permite que o partido dê conta das tarefas nesse período. Preparar o processo de eleição direta, assegurar um amplo debate com nossos filiados, encaminhar todas as denúncias para que sejam corretamente investigadas pela instância partidária", disse Rossetto.

O deputado federal Virgílio Guimarães (PT-MG) também compartilha da mesma opinião e defendeu "com urgência" o afastamento de toda a direção do partido, para isenção na apuração de denúncias. Segundo ele, as denúncias passam muito perto do presidente do partido, prejudicando o governo e o país, que na opinião do parlamentar, estão paralisados por causa da grave crise política.

O ministro da Educação, Tarso Genro, espera que nesses dois dias possa ser realizada a reformulação total da executiva do PT, para que o partido reconquiste a confiança da população. Quanto à prisão de José Adalberto Vieira da Silva, assessor parlamentar do irmão de Genoino, Tarso Genro disse ter ficado tão surpreso quanto todos e não ter nenhuma suspeita quanto a Genoino, a quem conhece há 30 anos. "É um fato gravíssimo dentro do contexto dos demais fatos que estão assolando gravemente o nosso partido, que hoje está com a imagem bastante prejudicada", disse.

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