Após reunir-se com a Executiva do partido e conversar com candidatos vitoriosos e derrotados, anteontem, o presidente nacional do PT, José Genoino, disse que o PT teve um bom desempenho nacionalmente e que o partido cresceu e continuará a avaliar os resultados com humildade.
Segundo ele, que fez um balanço em entrevista à imprensa, o PT sai do processo eleitoral com um grande capital político, uma vez que o índice de votações nos candidatos do partido foram expressivos mesmo onde houve derrotas ? em São Paulo, por exemplo, 45,14% da população escolheu Marta Suplicy e, em Porto Alegre, 46,68% votaram no Raul Pont.
Genoino ressaltou que ficou claro, nessas eleições, que as propostas de governo do PT não foram derrotadas, uma vez que os adversários que saíram vitoriosos nas cidades onde o PT já governava não apresentaram projetos alternativos aos do PT. Novamente citando São Paulo e Porto Alegre, o presidente do PT destacou que os adversários tiveram que defender a continuidade de programas petistas por entenderem que a população avaliava-os positivamente.
“Os adversários ganharam não porque apresentaram um projeto alternativo ao do PT, mas porque tiveram uma estratégia de marketing que se mostrou eficiente, com frentes anti-PT”, afirmou. Essa estratégia, em muitos lugares, foi centrada em ataques pessoais e na exploração de preconceitos contra o partido e contra os candidatos. “Fomos eficientes nos governos, mas não fomos tão eficientes para desmontar essas frentes durante a campanha. Vamos ter que estudar como enfrentá-las, avaliando região por região”, disse Genoino.
Partido deve radicalizar democracia, diz Luizianne
Fortaleza (AE) – A prefeita eleita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), afirmou ontem que o partido precisa resgatar a militância, “radicalizar a democracia” e fazer uma avaliação política profunda do governo federal e da política econômica. É com essa posição que ela participará da reunião da executiva nacional do partido com os prefeitos eleitos, marcada para os dias 22 e 23, em São Paulo. “Será um momento de reflexão política sobre o governo e a política econômica”, disse. “Afinal de contas, só não faz reavaliação e auto-crítica quem acha que não erra”, enfatizou.
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que convidará para a posse, Luizianne pretende ter a “melhor relação possível”, mas seguirá uma linha de cobrança e de independência. “Não vou manter alinhamento incondicional com o governo”, ressaltou, afirmando, porém, que espera não encontrar entraves da parte de ministros do governo pelo fato de integrar a ala radical do PT.
Porém, não citou o nome do chefe da Casa Civil, José Dirceu, responsável pela ponte entre o Palácio do Planalto e os chefes dos executivos, que se opôs à candidatura dela.
Discussão
Como prefeita eleita, espera respeito e espaço no PT para discutir as idéias. “Vamos debater o que considerarmos conveniente dentro do PT e isso é uma coisa que não podemos perder de vista, pois estaremos no executivo e sofrendo diretamernte as mudanças – para melhor ou para pior – da política econômica”, enfatizou.
Ela também está criando uma frente com os prefeitos de Recife, João Paulo (PT), e de Aracaju, Marcelo Déda (PT), numa estratégia de deslocamento do eixo do partido para o Nordeste.