O presidente nacional do PT, deputado federal José Dirceu (SP), criticou a censura prévia sofrida ontem pelo jornal Correio Braziliense, de Brasília, por determinação do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Distrito Federal a pedido do atual governador, Joaquim Roriz (PDMB), que disputa o segundo turno com o petista Geraldo Magela. “Eu acredito que o que está acontecendo em Brasília é uma nódoa, uma mancha, na democracia brasileira. O governo Roriz é um risco potencial para o país. O nível de agressão aos direitos do cidadão, as ameaças, a tentativa de calar o jornalista (Ricardo) Noblat não são um bom sinal para o país. Essa medida, infelizmente uma medida judicial, não é um bom sinal”, afirmou Dirceu, referindo-se ao diretor de Redação do jornal. Noblat deve deixar o cargo em breve, devido a mudanças administrativas no grupo que controla a publicação. “Brasília sofreu um profundo golpe contra a liberdade de imprensa. Temos que denunciar que, a partir de hoje, o Correio sofreu uma intervenção graças ao uso do poder”, afirmou Magela. Busca pelo material A ordem para censurar o Correio foi totalmente descabida. Desde o primeiro turno, a imprensa está proibida ? pelo mesmo juiz que determinou a censura prévia ? de divulgar o teor das gravações que mostram o envolvimento direto do governador com a grilagem de terras públicas. O líder do PT na Câmara, deputado João Paulo Cunha (SP), classificou como um “atentado à democracia e à liberdade de expressão”. Segundo ele, “é inconcebível que uma ação desse porte, que nos faz lembrar o passado distante, esteja acontecendo na capital federal. A Justiça não pode se prestar a esse papel”. Segundo o jornal, não foi a primeira vez que a coligação de Roriz tentou censurar o Correio. Às vésperas do primeiro turno das eleições, mais uma vez a Justiça foi induzida a erro pela coligação de partidos que apóiam Roriz. Na ocasião, o argumento era de que o jornal circularia com um encarte especial para divulgar o conteúdo das fitas e motivou outra ação de censura prévia. O jornal está recebendo uma série de manifestações de apoio. Acompanhe pelo site do Correio Braziliense.
Na noite de ontem, o oficial de justiça Ricardo Yoshida e o advogado da Coligação Frente Brasília Solidária, de Roriz, Adolfo Marques da Costa, munidos de decisão liminar do juiz substituto Jirair Meguerian, foram ao Correio para evitar que o jornal publicasse reportagem com transcrição de trechos de uma gravação, realizada com autorização judicial, que relaciona Roriz aos irmãos Passos, considerados os maiores grileiros de terras públicas do DF.
José Dirceu condena censura ao “Correio Braziliense”
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