José Dirceu admite que será cassado

O deputado José Dirceu (PT-SP) admitiu ontem que caminha para a cassação: ?Eu estava marcado para morrer desde o começo. O caso Waldomiro Diniz foi a avant-première. Nunca tive uma semana de paz desde que entrei na Casa Civil?. Ainda assim, Dirceu está longe de entregar os pontos. ?Ou vou perder de muito ou será difícil me cassarem. Sei que estão preocupados do lado de lá porque vieram me contar.?

Muito bem-humorado, um dia depois da derrota no Supremo Tribunal Federal (STF), conversou animadamente com jornalistas e colegas no café dos deputados. Saudado como ?meu comandante? por Olavo Calheiros (PMDB-AL), Dirceu ensaiou uma continência e bradou, em espanhol aqui traduzido: ?Com a guarda em alta, como diriam os cubanos!?.

Sem fugir do que chama de sua ?responsabilidade política? na crise – aliás a mesma atribuída por ele a outros dirigentes petistas -, Dirceu defende sua inocência com afinco supreendente. Ontem, por exemplo, convocava colegas de diferentes partidos a prestarem solidariedade ao deputado Darci Coelho (PP-TO), autor do recurso a ser votado na Comissão de Constituição e Justiça que pode anular o processo de cassação em curso no Conselho de Ética. Coelho argumenta que a retirada da representação do PTB que originou o procedimento anula a ação.

O parecer provocou muita polêmica e foi contestado em nota divulgada pelo presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB). A CCJ irá votar o parecer de Coelho na próxima terça-feira, mesmo dia em que o conselho deve aprovar o pedido de cassação de Dirceu, recomendado pelo relator Júlio Delgado (PSB-MG). ?O parecer (de Coelho) não diz respeito a mim, diz respeito à tese?, declarou, negando ter patrocinado qualquer articulação com o PP sobre o relatório para aliviar os pepistas ameaçados de cassação. A deputada Angela Guadagnin (PT-SP), por exemplo, é relatora do processo contra o líder do PP, José Janene (PR).

?Vou aguardar com tranqüilidade (a votação na CCJ)?, declarou Dirceu. O governo tem maioria na CCJ, mas aliados do ex-ministro não confiam no empenho do Planalto em defendê-lo. Acreditam, por exemplo, que as chances de vitória no Supremo fizeram água pela falta de disposição do Planalto. Ainda que vitorioso na CCJ, aliados do ex-ministro admitem que se trata de um paliativo – o julgamento político já foi feito, como deu a entender o próprio Dirceu. Ontem, ele admitiu certo cansaço. E como não joga a toalha, quer recarregar as baterias na praia, com alguns dias de folga no fim do mês.

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