O agente Márcio Seltz, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), voltou atrás no depoimento que deu à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos e admitiu que jornalistas foram também apanhados nas conversas telefônicas que ele analisou para a Operação Satiagraha. No depoimento de 25 de novembro, ele deixara dúvidas quanto à presença de jornalistas nos grampos analisados.
Em documento de retificação entregue à CPI, Seltz afirma que, no pendrive com os áudios da operação que diz ter entregue ao diretor-geral da Abin, Paulo Lacerda – hoje afastado do cargo -, havia diálogos entre jornalistas e alvos investigados. Ele não esclarece, porém, se as interceptações foram feitas com autorização judicial ou não.
A Abin informou que a retificação do agente não muda em nada o teor do depoimento de novembro, porque em nenhum momento ele diz que jornalistas foram grampeados na operação. Embora não sendo alvos, conforme a agência, jornalistas teriam sido captados em conversas interceptadas apenas porque falaram ao telefone com pessoas investigadas e não há irregularidade nisso se a interceptação for feita com autorização judicial.
Mas para o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), a retificação do agente traz um dado novo e piora a situação de Lacerda. Ele lembra que, ao perguntar se havia conversas de jornalistas nos áudios que dizia ter recebido para análise, o agente teria respondido textualmente que não. Agora ele mudou esse dado e confirmou que havia, sim, conversa com jornalistas no pendrive que diz ter entregue a Lacerda.