Jornalista global desaparece na favela

Rio

(AE) – A polícia do Rio investiga o desaparecimento do repórter da TV Globo Tim Lopes. Ele está sumido desde a noite de domingo, quando foi à Favela Vila do Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio, para levantar dados para uma reportagem sobre bailes funk promovidos por traficantes de drogas do local. Policiais encontraram ontem fragmentos de ossos carbonizados. Há suspeitas de que sejam do jornalista, de 51 anos. O exame de DNA dos ossos deve sair em uma semana.

O jornalista produziu matérias sobre a venda de drogas na Favela da Grota, uma das doze comunidades do Complexo do Alemão, segundo o delegado da 22ª Delegacia Policial (Vila da Penha), Sérgio Falante. A polícia considera a hipótese de vingança. O complexo do Alemão fica perto da Vila do Cruzeiro. As duas comunidades são dominadas pelo traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, ligado à facção criminosa Comando Vermelho (CV), um dos dez bandidos mais procurados do RJ.

Osso queimado

A TV Globo informou ao delegado que o produtor foi deixado no domingo por um motorista da emissora na Avenida Nossa Senhora da Penha, a cerca de 300 metros de um dos acessos à Vila do Cruzeiro. Ele seria apanhado pelo carro da emissora às 20h, mas resolveu ficar mais tempo para continuar o trabalho.

Lopes disse então para o motorista que voltaria às 22h, mas não apareceu. A empresa comunicou que Lopes esteve na favela quatro vezes, duas delas com microcâmeras. Ontem pela manhã a Globo informou o desaparecimento do jornalista à polícia. Uma equipe de policiais civis da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e da 22ª DP foi à favela à tarde.

No alto do morro, onde há uma caverna, foram encontrados pequenos pedaços de ossos queimados, encaminhados ao Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE). Perto da caverna foi encontrado sangue e também marcas de tiros de fuzil.

O delegado disse que, como o caso é de grande repercussão, o resultado do exame de DNA, que costuma demorar dois meses, poderá sair em uma semana. A Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que só vai se pronunciar depois do resultado do teste.

PMs que atuam na favela e acompanharam a incursão dos policiais civis disseram que os traficantes da área têm o hábito de torturar e matar seus inimigos usando a técnica do “microondas” – a vítima é colocada dentro de pneus que são queimados. Os bandidos costumam utilizar os pontos mais altos do morro a fim de evitar que os corpos sejam encontrados pela polícia.

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