Brasília – O jornalista alagoano Luiz Carlos Barreto confirmou nesta sexta-feira (17) em depoimento ao corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), que houve uma reunião entre o empresário Nazário Pimentel, o usineiro João Lyra e o senador Renan Calheiros para discutir a venda do jornal de propriedade de Nazário para Lyra e Calheiros.
"Ele disse que o João Lyra, o senador e o Nazário estabeleceram preço aproximado de R$ 700 mil e mais todos os encargos fiscais", disse o senador, que está em Maceió desde ontem para tomar depoimentos. Segundo Tuma, Barreto afirmou que não participou dessa reunião.
De acordo com Tuma, o jornalista não teria como comprovar a presença de Renan nas reuniões, mas disse que o senador teria intermediado os negócios com a força financeira de João Lyra.
"Segundo a explicação de Lyra [que prestou depoimento ontem(16)], teria um representante de cada lado: do senador, Tito Uchoa [suposto "laranja" de Renan] e do João Lyra, Luiz Carlos Barreto. Cada um representaria um dos dois grupos", disse Tuma. Ele acrescentou que entre a documentação entregue ontem por João Lyra estão recibos assinados por Uchoa e pelo próprio representante de Lyra.
De acordo com Tuma, é fundamental que Tito Uchoa seja ouvido. "A situação é delicada. O Uchoa é a parte principal. Ele é acusado pelos dois (Barreto e Lyra) de ser o representante do senador Renan e fez toda a movimentação em nome dele", disse.
Enquanto o corregedor estava em Alagoas tentando tomar o depoimento de Uchoa, o próprio Uchoa esteve em Brasília e entregou uma carta no gabinete de Tuma se oferecendo para uma acareação com João Lyra. Na carta, ele diz que comparecerá "com imenso prazer" ao Conselho de Ética, se for convocado.
Apesar de dizer que não tem dúvidas de que a acareação é necessária, Tuma disse que, primeiro, é preciso tomar o depoimento dele para, depois, decidir sobre o confronto. "O depoimento dele é o primário. Ele tem de depor para ver as contradições e aí pedir a acareação, que é uma decisão de quem está investigando", disse.
Tuma afirmou que, em princípio, Uchoa deve admitir que é sócio legal e legítimo da empresa. "Só que ele tem de comprovar as origens dos valores que ele pagou", disse.
