Com o título “O Brasil se oferece a Lula”, o jornal francês Libération noticia a vitória petista elogiando o “recorde histórico” de mais de 52 milhões de votos e destacando, de seus vários discursos, uma frase por ele dita no domingo à noite, na avenida Paulista, em São Paulo: “Vencemos todos os preconceitos contra nós, como o medo da bandeira vermelha, depois o da barba (a dele) (…) e agora a maioria do povo deu-me ocasião de provar o que um antigo torneiro mecânico e um empresário (alusão a José Alencar, seu vice) poderão fazer pelo País”.
Em seguida, em entrevista, Jean-Michel Blanquer, diretor do Instituto de Altos Estudos de América Latina, analisa a situação do Partido dos Trabalhadores após a chegada de seu líder ao poder e as divisões entre moderados e radicais, que não aceitam um perfil social-democrata do governo. “Esse será um dos principais problemas de Lula em sua chegada ao poder, disciplinar seu partido”, analisa Blanquer.
Segundo o sociólogo, é possível falar de terceira via num governo Lula, “que não é mais o nacionalismo sombrio e antiamericanista dos anos 60-70 nem o neoliberalismo de entrega aos Estados Unidos do período seguinte, mas a procura de um equilíbrio”, no qual a relação com os Estados Unidos se mostra importante, mas recusa um jogo de subordinação.