Jornal denuncia más condições de carceragem no Brasil

O jornal inglês The Guardian denunciou ontem as más condições da carceragem em que estão presas as duas turistas inglesas acusadas, na segunda-feira, de supostamente tentarem dar o golpe do seguro, ao registrar na polícia queixa de furto de objetos que, segundo policiais, estariam com elas. De acordo com o jornal, as recém-formadas em Direito Shanti Andrews e Rebecca Turner, ambas de 23 anos, estão presas “numa cela suja e superlotada com outras 150 prisioneiras brasileiras acusadas de tráfico de drogas, roubo e assassinato”. Ontem à noite, o desembargador Sérgio Verani, da 5ª Câmara Criminal, concedeu às acusadas direito de responder à acusação em liberdade.

Shanti e Rebecca foram denunciadas por falso registro de crime e estelionato – cuja pena varia de 1 a 5 anos de prisão.

O advogado delas, Eduardo Tonini, negou ao Estado que elas tenham tentado dar o golpe do seguro. “Elas realmente tiveram duas bagagens furtadas e, por engano, registraram que aqueles equipamentos eletrônicos estariam dentro das bolsas que não foram levadas.”

O Guardian conta que as duas chegaram ao Brasil para curtir “sol, areia e samba”, na última etapa de uma viagem de nove meses pelo mundo, mas foram presas na véspera de voltar à Inglaterra, porque a polícia encontrou um iPod Touch, uma máquina fotográfica e um laptop, entre outros itens que somavam mil libras. Elas alegaram que os objetos tinham sido furtados e, com isso, poderiam ser indenizadas por seguro, golpe relativamente comum no Rio. Os policiais informam ter encontrado os itens num armário, cujas chaves elas tinham, do albergue onde elas estavam.

O Guardian traz ainda declarações de Tonini, que afirmou que, na prisão, as inglesas estavam sendo “tratadas como qualquer prisioneira brasileira”, não comiam e estavam nervosas. “Estão dormindo no chão e de lado, por falta de espaço. Esse é um retrato da péssima condição do sistema prisional”, disse ele, que confirmou ao Estado não ter visto a cela.

Segundo o repórter do Guardian, nas paredes da cela havia inscrições da facção CV (Comando Vermelho) e uma presa estaria “tomando conta” das jovens.

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