Jogos eletrônicos na mira da Polícia Federal

ramos110505.jpg

Carlos Augusto Ramos, o "Carlinhos Cachoeira": buscas da Polícia
em seu escritório.

Rio – A Polícia Federal iniciou, ontem, uma operação montada para apurar irregularidades na importação de máquinas de jogos eletrônicos, que teriam entrado no País como computadores. A operação cumpriu mandados de busca e apreensão em 19 endereços do empresário de jogos eletrônicos José Ângelo Beghini, que teria ligações com outro empresário do setor, Carlos Augusto Ramos, o ?Carlinhos Cachoeira?. Os policiais fizeram buscas no Rio de Janeiro, em Goiás e em Brasília, inclusive em um escritório do próprio Carlinhos Cachoeira. Segundo a PF, Beghini foi assessor de Cachoeira e é acusado de importar irregularmente máquinas similares a caça-níqueis. No Rio, mais de 140 policiais, divididos em duas equipes comandadas pela Divisão de Repressão a Crimes Fazendários, participam da operação.

O empresário de jogos eletrônicos Carlinhos Cachoeira teve o nome envolvido num escândalo financeiro com desdobramentos políticos no início de 2004. Segundo o Ministério Público, ele e o ex-assessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz participaram de um esquema para facilitar a renovação de contrato da multinacional Gtech do Brasil, que operava com exclusividade o sistema de loterias no País, com a Caixa Econômica Federal.

De acordo com reportagem publicada no jornal O Globo em fevereiro do ano passado, o compromisso teria sido acertado num jantar no hotel Blue Tree Park, em Brasília, no dia 6 de janeiro de 2003, e previa que a multinacional repassaria ao bicheiro seus negócios com loterias nos estados. Em troca, Waldomiro ajudaria na renovação do contrato da Gtech com a Caixa pelo prazo máximo permitido pela lei de licitações. O valor total deste contrato estava em torno de US$ 260 milhões (cerca de R$ 780 milhões). Já o negócio com as loterias estaduais renderia ao bicheiro cerca de US$ 10 milhões (cerca de R$ 30 milhões) em cinco anos. Em outro caso rumoroso, a CPI da Loterj, instaurada para apurar as irregularidades na loteria do Estado do Rio de Janeiro, também encontrou ligações entre Cachoeira e Diniz. Na investigação, há imagens gravadas que mostram Waldomiro Diniz, à época presidente da Loterj, oferecendo a Cachoeira exclusividade na exploração das loterias do Estado do Rio, em troca de propina. Cachoeira e Diniz foram denunciados pela CPI por corrupção e formação de quadrilha. O presidente da CPI, Alessandro Calazans (sem partido), foi acusado de negociar a retirada do nome de Cachoeira do relatório final e correu o risco de perder o mandato, mas os deputados decidiram não abrir processo por quebra de decoro parlamentar contra ele. Quem não teve a mesma sorte foi o deputado federal André Luiz (sem partido-RJ), que acabou cassado em abril de 2005. O deputado perdeu o mandato sob acusação de ter tentado extorquir até R$ 4 milhões de Carlinhos Cachoeira, para protegê-lo na CPI da Loterj. Uma fita gravada por Cachoeira mostra uma voz, identificada como sendo de André Luiz, pedindo a propina. O caso veio à tona após reportagem da revista Veja, feita com base em mais de cinco horas de conversas gravadas por assessores de Cachoeira. 

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo