O Brasil deve ser “arrogante”, afirmou ontem o ministro Nelson Jobim, na abertura do II Seminário de Defesa, durante a feira Latin America Aerospace and Defence (LAAD 2009). “Não há nenhuma possibilidade de sentarmos à mesa (para negociar projetos de Defesa) sem a transferência de tecnologia. Isso pode ser visto como arrogância, pois eu afirmo que é uma arrogância. E vai ser assim a regra do jogo”, declarou, no evento realizado no Riocentro. “Em matéria de jogo, nós sabemos botar a bola no gol.”

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O ministro afirmou que o País já perdeu tempo demais, e que o momento político atual é “oportuno” para que os espaços sul-americanos sejam controlados pelos sul-americanos. Jobim citou especificamente a Amazônia. “Chega de agendas que se formulam em outros países. Seja no trato da Amazônia, seja no trato do oceano.”

Apesar do tom de defesa da indústria nacional, o ministro afirmou que não vai “cair” no nacionalismo “isolacionista e regressista” dos anos 50. “Precisamos agora de uma modalidade de integração multipolar, que faça com que o Sul se reúna também ao Norte, e não seja visto simplesmente como algo lá embaixo, mas como um parceiro”, disse. “Quem assim não pensar, com o Brasil não sentará”, continuou Jobim, reconhecendo, em seguida, que “talvez seja pretensão demais”.

Para Jobim, esse discurso será sustentado pela capacitação nacional e pelos investimentos na área. “Para esse discurso continuar e não ser uma retórica de arrogantes, tem que ter a base científica da discussão. Contem com o governo para o desenvolvimento dessa base e o conhecimento.” Ontem, Jobim e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica assinaram contratos com a Embraer para modernização de nove jatos AF-1 e três AF-1A, e para o programa da aeronave de transporte KC-390, que deverá substituir os antigos Hércules C-130.

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