João Paulo diz que foi ?erro político? usar os R$ 50 mil

Em depoimento que durou pouco mais de 5 horas no Conselho de Ética, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) afirmou que nunca declarou ao PT formalmente, como gastou os R$ 50 mil sacados por sua esposa da conta do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, no Banco Rural. Segundo João Paulo, ele comunicou ?oralmente? à direção do PT que as pesquisas foram feitas, mas nunca repassou ao partido as notas fiscais do instituto que promoveu a pesquisa nos municípios de Osasco, Carapicuíba, Cotia e Jandira (todas na Grande São Paulo). ?As lideranças municipais, os pré-candidatos e o diretor do PT regional de Osasco me pediram a pesquisa. Eu não me preocupei com o comprovação fiscal. Prestei contas oralmente ao diretório nacional do PT falando sobre o resultado dessa pesquisa?, disse ele.

Brasília (AgC) – Segundo o deputado, apesar das pesquisas serem pagas pelo PT, as notas fiscais foram emitidas em nome dele, pessoa física. João Paulo confirmou que não declarou o gasto nem à Receita Federal nem ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral). O ex-presidente da Câmara disse ainda que esta foi a primeira e única vez que ele pediu e recebeu dinheiro do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Em seu depoimento, João Paulo afirmou que cometeu um ?erro político?. Ele, que foi acusado de ser beneficiário de R$ 50 mil do ?valerioduto?, disse que a origem e o destino dos recursos obtidos foram legítimos. ?Aonde um político deve buscar recursos senão com o tesoureiro do seu partido? Foi por orientação do tesoureiro do PT que eu peguei os recursos no Banco Rural. Eu vou pagar por este episódio, mas não culpem a minha mulher. Ela só foi sacar o dinheiro a meu pedido?, afirmou.

O deputado ainda alegou que não sabia que os R$ 50 mil conseguidos a partir do pedido feito a Delúbio eram de caixa dois e que serviram para pagar serviços de campanha do PT de Osasco (sua base eleitoral). João Paulo também alegou que não interferiu na contratação da SMPB como agência de publicidade da Casa. O contrato foi firmado entre a Câmara e a agência no início da gestão dele (2003-2004) e o seu valor foi de R$ 10,7 milhões. A SMPB é uma das agências de publicidade na qual o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza detinha participação.

Ao inquirir João Paulo Cunha, o deputado Orlando Fantazzini (PSOL-SP) disse não estar convencido da inocência do colega. Ele admitiu que a apresentação das pesquisas como prestação de contas pode ser importante do ponto de vista político, mas estranhou a inexistência das notas fiscais correspondentes.

Em nota, Delúbio assume culpa

Brasília (ABr) – Em depoimento no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara, o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) apresentou documento assinado por Delúbio Soares, na qual o ex-tesoureiro assume que pôs à disposição no Banco Rural os R$ 50 mil sacados pela esposa do deputado das contas de Marcos Valério.

Na declaração, Delúbio afirma que João Paulo não tinha conhecimento da origem do dinheiro. ?Se eu soubesse que tivesse qualquer irregularidade nesse processo eu iria mandar a minha esposa? Seria uma estupidez. Pedi para ela ir porque tinha certeza de que era um dinheiro oriundo dos cofres do PT.?

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