Jefferson diz que vai provar existência de corrupção

Sergio Dutti / AE

Jefferson garante que tem como
provar as denúncias que fez.

Brasília – O terremoto que o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) está prometendo para terça-feira, quando fará depoimento à Corregedoria da Câmara Federal (o depoimento na Comissão de Ética será quarta-feira), tem um alvo. Chama-se PT. O jornalista Jorge Bastos Moreno, de O Globo, revelou ontem em sua coluna eletrônica que o presidente do PTB vai poupar o governo federal. Mas não deixará pedra sobre pedra em relação ao PT.

"Eu não vou detonar o governo. Eu vou detonar o PT. Vou provar o esquema de corrupção montado pelo PT. Para isso, infelizmente, vou ter que arrastar, não todos, mas algumas pessoas do PP e do PL", disse Jefferson a um líder do PTB, que revelou o teor da conversa a Bastos Moreno. A preocupação do líder petebista era com as provas que Jefferson diz ter.

"Você sabe que as suas denúncias abalaram o país e selaram o destino do PTB. Se você tiver provas, o nosso partido será apresentado à nação como aquele, cujo presidente, denunciou a maior corrupção da história da República. Você será nosso herói e aí o PTB se redime perante à nação. Mas se você não tiver provas, o partido se afunda junto com você. Você tem provas?", perguntou o deputado. E Jefferson respondeu: "Isso é comigo. Fique tranqüilo. Isso é comigo". O deputado insistiu: "Você vai detonar o governo?". E Jefferson respondeu: "Não. Eu não vou detonar o governo. Eu vou detonar o PT".

Esse mesmo líder disse que foi praticamente essa a conversa que os deputados José Múcio e Fleury Filho tiveram com Roberto Jefferson. O jornalista perguntou se ele achava que Jefferson tem provas realmente e ele respondeu: "Olha, ele está muito fechado. O Zé Múcio acha que ele tem provas. O Fleury, com a experiência de promotor, não se convenceu ainda disso. Eu, como o Zé Múcio, acredito que tem. Tanto que ele está pedindo transmissão ao vivo de seu depoimento na terça. Ele sabe que o país vai parar nessa terça e, como advogado criminalista, ele sabe que seu depoimento não pode ser um fiasco."

O líder

Foi o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra (PTB-RN), quem cobrou ontem de Jefferson, que apresente provas na semana que vem das denúncias que fez sobre o pagamento de mesadas do PT a aliados no Congresso. Para Bezerra, Jefferson tem a "obrigação" de mostrar as provas. "Ele deu uma entrevista que me parece muito consciente. Ele faz acusações gravíssimas e quem faz acusações dessa natureza tem o ônus da prova. E ele tem a obrigação de provar o que declarou", disse, ao ressaltar que cobra Jefferson em nome próprio, e não pelo partido.

Bezerra e Jefferson não se falaram depois da entrevista do presidente do PTB à Folha de S. Paulo em que apontou as denúncias de mesada. Após as declarações de Jefferson, o líder do governo pediu que ele se afastasse do comando do partido, o que desagradou o deputado. Jefferson não aceitou deixar a presidência do PTB e marcou uma reunião para o próximo dia 17 para definir seu futuro dentro do partido. Recebeu ainda o apoio do líder do PTB na Câmara, José Múcio (PE), e do secretário nacional da legenda, deputado Luiz Antônio Fleury Filho (SP).

O PTB, aliás, havia definido na última terça-feira que entregaria os cargos ocupados no governo federal, entre eles o Ministério do Turismo, nas mãos de Walfrido Mares Guia, e a liderança no Congresso, exercida por Bezerra. Walfrido é cotado dentro do PTB para substituir Jefferson na presidência do partido.

Deputado dispensa proteção

Brasília – Roberto Jefferson disse ontem que não se sente ameaçado de morte e dispensou a oferta de proteção policial, feita pelo chefe do Departamento de Polícia Legislativa, Renato Sérgio. Por determinação do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, Jefferson foi consultado se temia por sua vida e se considerava necessário ter proteção policial. De acordo com a assessoria da Câmara, Jefferson pediu apenas que fosse reforçada a vigilância em torno do prédio em que mora, para evitar os tumultos que estariam ocorrendo no local, mas recusou a oferta de segurança pessoal. A consulta foi uma resposta de Severino ao pedido de proteção apresentado pelo PFL e pela Força Sindical.

A grande expectativa é para terça-feira. No dia em que completará 52 anos, ele falará pela primeira vez após ter denunciado um suposto esquema de compra de votos no Congresso. "Espera-se que o depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) seja o balizador dessa CPI. O depoimento será emblemático, pois definirá o roteiro do inquérito", avaliou o deputado Pauderney Avelino (PFL).

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