Recife – Peemedebista histórico, o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos, não esconde o desapontamento com os rumos do PMDB e adverte que aceitar cargos no governo seria oportunismo. Ele diz que está à espera da reforma política para decidir seu futuro. Jarbas acha que a briga pela presidência do Senado chegou ao estrangulamento e que, em vez de José Sarney (AP) ou Renan Calheiros (AL), o partido precisa de um nome que una a bancada.
Para o governador pernambucano, o fato de o PMDB estar rachado não chega a ser uma novidade. “O PMDB continua rachado e isso não é novidade. Ao longo da última década, o PMDB tem aparecido dividido, até publicamente, em todos os seus assuntos. Não é nada de anormal nem inusitado. O PMDB ser hoje oposição não é uma questão determinada pela minha vontade. Falo pela leitura das urnas: houve um recado das ruas para que o partido fique na oposição”, disse.
Ele diz que a questão não é uma posição contra Lula e suas propostas. “Acho que entre ser oposição e ter compromisso com mudanças e as reformas que Lula pretende há uma diferença grande. No momento em que o presidente transforma a pauta do Congresso numa pauta de reformas, a questão não é do PMDB, mas de todo o País. O PMDB, para fazer tudo isso e fiscalizar o governo de Lula, não precisa se integrar ao seu governo, nem reivindicar cargo de ministro. Mas tem obrigação de ajudar Lula nas reformas, obrigação aliás de todos os partidos, sem essa coisa de toma-lá-dá-cá”, disse.
Ele alega que o PMDB tem compromisso com as reformas e comandou a votação delas no governo Fernando Henrique, quando o PT era então um obstáculo intransponível. “Há que se dar um tempo ao PT, e o PMDB não pode ser oposição agora, no momento em que o governo procura se ajustar, conhecer a máquina. É precipitação nossa achar que as coisas podem acontecer do dia para a noite. O que o PMDB tem que fazer é fiscalizar o governo e seus ministros. Mas não pode ter comportamento açodado, fazendo oposição agora, já nesse momento”, diz. Para o governador pernambucano, “o PMDB é um saco de gatos, mas não é de agora”.
Mas ele não acusa o governo federal pelos atuais problemas do partido. “O PMDB tem mais é que procurar resolver o seu problema interno. Acho que para a reforma política ficará ruim interferência do governo, porque ela não ajuda a dar credibilidade ao processo político”, diz ele.