Brasília – O ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Jairo Martins de Souza prestou depoimento na CPI dos Correios. Responsável por fornecer o equipamento de vídeo utilizado na gravação do suposto recebimento de propina nos Correios, ele contou que o empresário Artur Washeck Neto, mandante do serviço, concordou com a divulgação para a revista Veja da gravação. Na fita, o ex-chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios Maurício Marinho aparece recebendo R$ 3 mil, que seriam parte de pagamento de propina.
A declaração contradiz o depoimento de Washeck à CPI. O empresário tinha dito à comissão que foi surpreendido pela divulgação da fita e afirmara que não queria que ela chegasse à imprensa. Jairo sustenta que desde o início estava entendido que parte de sua função no caso era tornar pública a fita. Washeck alega que encomendou a gravação contra Marinho porque vinha sendo prejudicado pela atuação dele nos Correios. A empresa de Washeck tinha contratos de fornecimento de material para a estatal.
Jairo confirmou no depoimento ser amigo do atual diretor da Abin, Paulo Ramos, mas negou estar a serviço da agência ao fazer a gravação. Segundo ele, Washeck, quando o procurou pedindo ajuda para a gravação, lhe disse estar tendo problemas nos Correios, sem, porém, detalhar a situação. Jairo negou ainda contato com a Casa Civil.
"Atesto que em nenhum momento mantive contato com o pessoal da Casa Civil, até porque não tenho acesso e em nenhum momento informei à Abin sobre esse fato", disse. Jairo contou também que comprou a câmera e os acessórios necessários em uma feira de produtos importados de Brasília (chamada de feira do Paraguai).