O Ministério das Relações Exteriores está tentando localizar 19 brasileiros que desapareceram depois de deixar as Bahamas (na América Central) rumo aos Estados Unidos. Eles buscavam entrar ilegalmente no país, conforme informou o Itamaraty ao jornal O Estado de S. Paulo neste domingo, 25, e estariam em um barco com mais dezenas de pessoas de outras nacionalidades. Até o momento, não há informações sobre naufrágio ou qualquer forma de detenção.

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A Guarda Costeira de Miami tem feito buscas na área mais próxima da costa na última semana, mas nada foi reportado pelas autoridades. A embaixada brasileira em Nassau e o consulado brasileiro em Miami, nos Estados Unidos, estão atuando no caso, de acordo com o Itamaraty. O grupo estaria desaparecido desde 6 de novembro.

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Uma possibilidade sugerida é que os imigrantes ilegais buscariam o México como primeira etapa da viagem. Os aeroportos teriam sido evitados, por causa da fiscalização mais rigorosa. Mas nenhuma informação foi confirmada.

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Por se tratar de um caso ainda em apuração, o Itamaraty não divulgou nem confirmou a identidade dos desaparecidos. O governo brasileiro ressaltou que está em contato permanente com todos os familiares para tentar localizá-los.

A reportagem também tentou entrar em contato com a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília, mas foi informada de que só poderia obter respostas a partir de amanhã. Segundo o jornal mineiro Diário do Rio Doce, os brasileiros desaparecidos são de Minas e do Pará. O desaparecimento deixou apreensivas várias famílias, sobretudo da região de Governador Valadares.

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As famílias de dois dos imigrantes brasileiros que o Itamaraty tenta localizar se recusam a falar sobre o caso. Elas têm medo dos coiotes, como são conhecidos os intermediários que cobram para levar, sempre de forma ilegal, quem encontra dificuldades em chegar aos Estados Unidos pelas vias normais, depois de conseguir visto e comprar passagem para o país.

As duas famílias são de Sardoá, município de 6 mil habitantes na região leste de Minas, a 335 quilômetros de Belo Horizonte. Os moradores da cidade que estavam no grupo que desapareceu são Marcio Pinheiro de Souza e Renato Soares de Araújo, ambos com família na zona rural do município.

Conforme conhecidos de ambos ouvidos pela reportagem, a família evitou contato até com a Polícia Militar. Os parentes teriam acionado a prefeitura, o que foi negado pela secretária Municipal de Educação, que já foi responsável pela pasta de Assistência Social, Nalmim Santiago. “Não temos detalhes sobre o assunto”, afirmou ela.

Os coiotes são conhecidos pela forma truculenta com que tratam os “clientes”. Exigem silêncio e têm por método ameaçar familiares de quem foi levado para os Estados Unidos e que permanecem na cidade de origem – para casos, por exemplo, de falta de pagamento. É comum os atravessadores financiarem toda a viagem de quem busca pelos seus serviços e receber depois que o imigrante já se instalou e conseguiu trabalho nos Estados Unidos.

O caminho geralmente utilizado pelos imigrantes com a ajuda dos coiotes é pelo México. Na região leste de Minas, que tem Governador Valadares como a principal cidade, é difícil encontrar pessoas que não tenham ao menos um parente que viva ou já viveu legal ou ilegalmente nos Estados Unidos.

Essa movimentação teve início na década de 1980 e se espalhou por toda a região, em cidades menores como Alpercata, Frei Inocêncio e Sardoá. O fluxo aumenta ou diminui conforme o câmbio, mas nunca foi interrompido durante todos esses anos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.