Brasília – O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entregou ontem pedido de cassação do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, pouco antes das 16 horas. "O que Roberto Jefferson (RJ) está fazendo é uma chantagem. O PL não tem medo dele. Um deputado não pode colocar todo um Congresso sob suspeita, sem comprovar suas denúncias. Queremos rito sumário", argumentou Costa Neto, que, antes de ir ao conselho, informou o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, a respeito do pedido de cassação.
O presidente do conselho, deputado Ricardo Izar, recebeu o pedido do PL e, como medida protocolar, vai encaminhá-lo para a presidência da Câmara. "Há outros três outros pedidos de deputados para investigar o ‘mensalão’", contou Izar. Ele informa que na próxima semana já será indicado um relator para esse processo. "Se for comprovada a existência do ‘mensalão’, aí serão cassados os deputados que receberam (a propina). Não existindo provas para as denúncias, a falta de decoro terá sido dele (Roberto Jefferson)."
Em entrevista publicada anteontem, o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), diz ter tomado conhecimento, por intermédio de diversos parlamentares, da existência de um esquema de pagamento mensal a deputados do PP e do PL, o chamado "mensalão", no Congresso.
Afastamento
As bancadas do PTB na Câmara e no Senado decidiram pedir o afastamento do deputado Roberto Jefferson (RJ) da presidência do partido. Durante a reunião, que durou até o início da madrugada de ontem, os dirigentes do partido decidiram também apoiar a CPI Mista dos Correios. Segundo o PTB, caso Jefferson não aceite se afastar do cargo haveria uma reunião da bancada para fechar um posicionamento em relação à saída do presidente do PTB, que será levado à executiva nacional do partido. A cúpula do partido defende que as declarações de Jefferson, sobre suposto esquema de mesadas de R$ 30 mil, sejam investigadas pela corregedoria da Câmara.
Sob o argumento de que foram pegos de surpresa pela publicação de uma entrevista sobre a qual nenhum deles teria sido avisado, petebistas avaliavam que o partido sofreu um golpe – um deles chegou a dizer que "o PTB acabou"- e que uma possível reação só seria possível sem Jefferson. Fernando Bezerra (PTB-RN), líder do governo no Congresso, chegou a Brasília pouco depois das 17h já defendendo abertamente o afastamento. "Ele é o responsável pelos atos dele e não pode ter falado como presidente do partido", disse Bezerra.
