Irmão da freira pede federalização

Belém – O norte-americano David Stang, irmão da missionária Dorothy, assassinada dia 12 de fevereiro, em Anapu (PA), defendeu ontem, na capital paraense, a transferência do processo para a Justiça Federal. Ele disse não ter nada contra a Justiça paraense, que na sua avaliação tem agido com celeridade no caso, mas explicou que os assassinos e mandantes não são apenas do Pará ou da Amazônia, mas ?fazem parte de um consórcio brasileiro?.

Para David, depois da morte do sindicalista Chico Mendes na década de 80, muitas pessoas foram assassinadas na Amazônia, especialmente no Pará, por lutarem por um pedaço de terra para viver e plantar. Esses crimes, avalia, demonstram que ainda existe muita impunidade no Brasil.

Sobre o envolvimento de outros fazendeiros na morte de sua irmã, foi taxativo: ?Pelo que ouço falar, eles não gostavam do que a Dorothy fazia em Anapu e várias vezes a ameaçaram. Ela sempre falava sobre isso quando telefonava para a família nos Estados Unidos?. David disse que pretende ficar alguns dias no Pará acompanhando o processo.

O procurador da República no Pará, Felício Pontes Júnior argumenta que a transferência para o Judiciário federal é necessária porque o assassinato da freira foi um crime contra os direitos humanos. Por isso, lembra, o Brasil será responsabilizado na comunidade internacional.

Depoimento

O fazendeiro Regivaldo Pereira Galvão, o Taradão, acusado de participar de suposto consórcio que teria financiado o assassinato da missionária Dorothy Stang, negou ontem qualquer envolvimento com o crime. Diante do juiz da comarca de Pacajá, Lucas do Carmo de Jesus, o acusado demonstrou nervosismo e se contradisse.

A uma das perguntas, respondeu que não conhecia a missionária e, portanto, não tinha nenhum interesse na morte dela. Em seguida afirmou que irmã Dorothy ?fornecia armas para os sem terra?.

Sobre sua amizade com o também fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, denunciado pelo Ministério Público como mandante do crime, admitiu ter sido sócio dele em um dos lotes de terra reivindicado pelas famílias ligadas à missionária, mas negou ter tramado o crime com Bida.

Após o depoimento, os advogados do acusado ingressaram com um pedido de habeas corpus para que Galvão responda ao processo em liberdade.

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