Três dias após ter perdido para ladrões a Medalha Fields que ganhara, o matemático iraniano Caucher Birkar, de 40 anos, vai receber neste sábado, 4, outro exemplar da láurea, a mais importante láurea mundial da matemática. A primeira foi furtada dentro do Riocentro, centro de exposições onde ocorria a abertura do Congresso Internacional de Matemática, minutos após ser entregue a Birkar. A polícia já sabe os nomes de dois suspeitos de cometer o furto, mas até a noite desta sexta-feira, 3, não havia conseguido localizá-los.
A medalha extra será entregue durante uma cerimônia no Riocentro ao meio-dia deste sábado. A peça seria exposta na sede da União Internacional de Matemática, em Berlim. Essa entidade é autora da premiação, que pela primeira vez ocorreu no Brasil.
Nessa medalha não havia sido impresso o nome de ninguém, mas está sendo providenciado o registro de Birkar. Fabricada no Canadá, em ouro 14 quilates, a peça vale cerca de R$ 15 mil. Ela tem gravado em um dos lados o rosto de Arquimedes, matemático grego que viveu três séculos antes de Cristo. Também está inscrita a frase “Transire suum pectus mundoque potiri” (em latim, “superar os limites da inteligência e conquistar o universo”). Do outro lado está registrado “Congregati ex toto orbe mathematici ob scripta insignia tribuere” (em latim, “reunidos, matemáticos de todo o mundo a concedem por escritos notáveis”).
A medalha é entregue a cada quatro anos, a duas, três ou quatro pessoas de até 40 anos que tenham realizado feitos extraordinários no campo da matemática. A premiação foi criada em 1936 e até hoje foi recebida por apenas 60 pessoas, entre eles um brasileiro – o carioca Artur Avila Cordeiro de Melo, de 39 anos, que a recebeu durante a edição anterior do congresso, na Coréia do Sul em 2014, quando Melo tinha 35 anos.
Neste ano, além do iraniano, houve outros três laureados: o indiano Akshay Venkatesh, de 36 anos, o italiano Alessio Figalli, de 34 anos, e o alemão Peter Scholze, de 30 anos. Além da medalha, cada um recebeu 15 mil dólares canadenses (cerca de R$ 43 mil).
Investigação
A Polícia Civil já sabe os nomes dos dois suspeitos de terem furtado a medalha, mas ainda não divulgou quem são. Eles não haviam sido localizados até a noite desta sexta-feira.
Os dois foram identificados pela Delegacia Especial de Apoio ao Turismo (Deat) do Rio, responsável pela investigação, a partir de filmagens feitas durante a cerimônia de premiação, na quarta-feira, no pavilhão 6 do Riocentro. Numa das imagens, um deles aparece colocando uma mochila na mesma cadeira onde o iraniano havia deixado sua pasta com a medalha, a carteira e o celular. Em seguida ele recolhe a mochila e a pasta, e consegue sair sem que ninguém perceba o furto.
A pasta foi abandonada no próprio Riocentro, mas dentro dela havia apenas o celular de Birkar – a medalha e sua carteira desapareceram.