Ainda não há previsão para a liberação da Estação da Luz, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), na região central de São Paulo. O embarque e o desembarque estão vetados desde que um incêndio destruiu o Museu da Língua Portuguesa, há uma semana.
Na tarde deste domingo, 27, três técnicos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) fizeram uma avaliação das estruturas abaladas pelo incêndio e apresentaram um laudo, em uma reunião de mais de três horas, a integrantes da direção da CPTM e representantes da Defesa Civil e da Secretaria Municipal de Cultura. O IPT solicitou novas obras de reforços estruturais, que deixarão o prédio fechado por pelo menos mais dois dias
De acordo com o responsável pelo trabalho, José Theophilo Leme de Moraes, engenheiro civil do IPT, a primeira avaliação, feita no dia seguinte ao incêndio, definiu que fossem feitas diversas intervenções para fortalecimento das estruturas abaladas. Mas a nova avaliação, após a limpeza do local, mostrou que ainda há pontos que necessitam de reforços. “Com a limpeza e a remoção dos escombros, pudemos perceber que mais pontos necessitam de fortalecimento”, disse Moraes. A estação não será liberada enquanto as intervenções não forem concluídas.
Os reforços da estrutura são feitos por meio do chamado “atirantamento” de vários pontos, segundo Moraes. “O atirantamento consiste em amarrar cabos de aço na parede abalada e na parede oposta. Com isso, se houver uma pendência para qualquer um dos lados, uma parede ajuda a outra a não cair”, afirmou o engenheiro. Segundo ele, o procedimento já havia sido executado, por solicitação do IPT após uma primeira vistoria. “Mas, com a limpeza parcial do edifício, vimos que havia necessidade de fortalecer mais alguns pontos.”
O tempo de realização das obras vai depender do ritmo da empreiteira, segundo Moraes. “É um trabalho de cerca de dois dias”, afirmou. Após a conclusão das obras de reforço uma nova avaliação será feita. Só então poderão ser realizados testes com trens sem passageiros, em baixa velocidade, para avaliar se a estrutura do edifício tem condições que permitam reabertura da estação.
Pagamento
O procedimento agora consiste em limpar o local, instalar o fortalecimento da estrutura nos pontos restantes e realizar a inspeção final. As ações de remoção do lixo, escoramento e restauração – que não têm prazo para ser concluídas – serão pagas pela Organização Social IDBrasil Cultura, Educação e Esporte, que é responsável pela gestão do museu. A empresa não divulgou o valor das obras. O seguro feito para o museu é de R$ 45 milhões.
Uma empresa de engenharia realiza, desde quarta-feira, obras emergenciais para a estabilização de uma parede interna do edifício. Uma viga havia sido dilatada pelo calor do fogo, desestabilizando a parede. A empresa usou guindastes para retirar partes carbonizadas de vigas de madeira do telhado e executou o atirantamento das paredes, a fim de reforçar a estabilidade do prédio. A retirada do entulho do piso, no entanto, não será feita nessa fase das obras emergenciais.
Os trens não circulam na Estação da Luz desde o dia do incêndio, afetando a rotina de pelo menos 1,1 milhão de passageiros da CPTM. Enquanto as obras prosseguirem, não circulam os trens da Linha 7-Rubi – entre as Estações Barra Funda e da Luz – e os trens da Linha 11-Coral, entre as Estações Brás e da Luz. Embora as composições da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) continuem funcionando na Luz, os usuários precisam fazer baldeações para seguir viagem para as Estações Barra Funda, na zona oeste, e Brás, no centro.
Da mesma forma, continuam fechados os acessos à estação pela Rua Mauá e pela Praça da Luz. Os passageiros precisam usar os acessos subterrâneos do Metrô, também na Rua Mauá, para conseguir embarcar nos trens. A calçada no entorno do complexo também foi bloqueada e o trânsito pela Praça da Luz permanece interditado para o transporte público e par,a automóveis desde o dia do incêndio.
Embora o museu e a estação do prédio pertençam ao governo do Estado, foi a Prefeitura de São Paulo, por meio da Defesa Civil, que manteve a interdição do prédio. Mesmo quando se suspender a interdição, o embarque da CPTM só deve ocorrer pela Rua Mauá e por outro acesso lateral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.