O vice-presidente do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC), Mohan Munasingue, defendeu o estabelecimento de metas de emissão de gases do efeito estufa para países em desenvolvimento, como o Brasil. "Minha posição é muito clara para os países pobres e ricos. Os pobres não devem ter nenhuma obrigação com metas. Os ricos devem ter e elas devem ser rígidas. Os países que estão no meio, como o Brasil, Coréia e China, apesar de terem uma emissão per capita pequena em comparação com os Estados Unidos, têm a possibilidade de se desenvolverem poluindo muito menos do que os países que fizeram a Revolução Industrial", afirmou Munasingue.
Ele participou hoje da mesa de abertura do primeiro encontro do IPCC na América Latina, num hotel da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio. "As tecnologias modernas são muito mais limpas e permitem que o crescimento seja feito de forma sustentável. Essas metas têm de ser bem mais flexíveis e permitir um aumento absoluto, porque a emissão per capita ainda é aceitável, mas se nada for feito agora, no futuro elas serão bem maiores", afirmou Munasingue. Junto com o ex-vice-presidente norte-americano Al Gore, os cientistas do IPCC receberam o Prêmio Nobel da Paz de 2007, pela sua contribuição de alertar a sociedade para o aquecimento global.
A ministra brasileira do Meio Ambiente, Marina Silva, admitiu nesta quinta-feira (25), pela primeira vez, que o governo já discute internamente a adoção de alguma meta de redução do desmatamento ou da emissão de carbono. A Comunidade Européia defende há algum tempo que os países em desenvolvimento também assumam compromissos objetivos para combater o aquecimento global. O Brasil sempre rejeitou essa proposta, alegando que a imposição de meta é uma ameaça à soberania nacional.