A procuradora da República Thaméa Danelon declarou nesta segunda-feira, 18, que os investigados do esquema apurado na Operação Dopamina foram ‘muito mais gananciosos’ do que os alvos da Lava Jato, maior ação contra a corrupção do País. A Dopamina investiga desvio de recursos públicos na compra de equipamentos médicos para pacientes que sofrem de doença de Parkinson.

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O médico-cirurgião Erich Fonoff e o diretor administrativo do setor de Neurocirurgia, Waldomiro Pazin, ambos do Hospital das Clínicas de São Paulo, teriam induzido pacientes a entrar com ações na Justiça para conseguirem cirurgias de implante com urgência. A investigação aponta que uma vez concedida a ordem judicial, o equipamento necessário (marca-passo e eletrodos) era adquirido sem licitação, com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS), de uma mesma empresa que teria remunerado o médico e o administrador, pela exclusividade obtida, por meio de serviços de consultoria falsamente prestados pelo médico à empresa.

“Embora não seja um valor tão expressivo, comparando com a Lava Jato, em torno de R$ 13 milhões, em termos do valor superfaturado, eles foram muito mais gananciosos. Na Lava Jato, o valor do superfaturamento era em torno de 30%. Nesse caso, constata-se em torno de 300%. A corrupção que ocorreu no âmbito da Saúde que é considerada uma das corrupções mais graves, por conta das consequências que afetam pessoas que estão em extrema vulnerabilidade, dependendo do Sistema Único de Saúde e são preteridas por conta da corrupção”, afirma a procuradora do Ministério Público Federal, em São Paulo.

Thaméa Danelon relatou que havia uma fila de pacientes que esperavam cirurgia de implantação desse marca-passo cerebral. Denúncia levada à Procuradoria apontou que em ‘alguns dos casos, nos quais era indicado o ajuizamento de ação para obter uma liminar, eram iguais ou menos graves do que outros que estavam na fila’.

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“Ficou bem claro que havia uma indução por parte do diretor do hospital e de um médico neurocirurgião que induziam esses pacientes a procurar a Justiça para que fosse dada uma liminar. De posse dessa liminar, o hospital estaria autorizado a contratar diretamente sempre a mesma empresa fornecedora desse marca-passos. Não havia o procedimento licitatório e os preços eram quase quatro vezes superiores porque caso o SUS seguisse o procedimento de aquisição por licitação, seguisse os meios legais, eles custariam em torno de R$ 27 mil e através desse procedimento irregular custou até R$ 140 mil, quase quatro vezes a mais”, anotou a procuradora.

Defesa

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Em relação à operação da Polícia Federal, o Hospital das Clínicas da FMUSP informa que, desde fevereiro, vem colaborando com o MPF na apuração do caso, entregando todos os documentos e fornecendo todas as informações solicitados. Desde o início, o MPF pediu sigilo sobre o caso, de forma que o HCFMUSP não pôde iniciar apurações internas. Agora, será aberta uma apuração sobre o caso. O HCFMUSP segue à disposição do MPF e da PF para auxiliar nas investigações.

A defesa do médico neurocirurgião, dr. Erich Fonoff, informa que “ele mantém relacionamento técnico e científico com diversas empresas do segmento neurocirúrgico. Porém, como médico cirurgião, ele nunca deteve poder para influenciar o processo de compra de equipamentos no Hospital das Clínicas.”