Sorocaba – O Ministério Público Estadual (MPE) abriu ontem um processo para investigar denúncias de nepotismo na Câmara de Sorocaba, a 92 quilômetros de São Paulo. Pelo menos sete dos 20 vereadores lotearam entre familiares os cargos que têm direito a preencher nos gabinetes. O promotor Roberto Campos Andrade, curador dos Direitos do Cidadão, baixou uma portaria iniciando o procedimento investigatório. Andrade enviará um ofício à Câmara Municipal pedindo a relação dos funcionários comissionados em funções de confiança, salários e atribuições. Ele pretende verificar se as contratações atenderam aos princípios da moralidade e eficiência. "Vamos analisar se os contratados possuem a qualificação profissional exigida para as atribuições que passaram a exercer no serviço público." Andrade também quer que a Câmara justifique a necessidade da ocupação dos postos. Cada vereador tem direito a até quatro assessores. Segundo o promotor, as denúncias de nepotismo sugerem indícios de desvio de finalidade, o que poderia caracterizar a prática de crime de improbidade pelos agentes públicos. "Quem paga os salários dessas pessoas é a coletividade." Conforme a relação de funcionários divulgada pela Câmara, o vereador Moacir Luís Silva de Oliveira (PSDB), pastor evangélico, levou para o gabinete a mulher e uma sobrinha, além de ter outros três sobrinhos em cargos legislativos. Oliveira alegou que são servidores da inteira confiança e que trabalham com eficiência. O vereador Irineu Donizeti de Toledo (PL), também pastor, contratou a filha e a pastora Neuza Maldonado (PDT), um filho e uma filha. Toledo afirma que o filho teve perda salarial ao aceitar o novo emprego, mas fez o "sacrifício" a pedido dele. "Preciso dele comigo", disse. O vereador Francisco de Jesus Perotti (PV) contratou filho e sobrinha; João Donizeti Silvestre (PSDB), o irmão e o cunhado, e Paulo Mendes (PFL), o genro.
