Investigação sobre furto volta à estaca zero

Brasília (AE) – A Polícia Federal (PF) ouviu 38 pessoas suspeitas de envolvimento no furto de R$ 2 milhões da sede de sua superintendência, no Rio de Janeiro, apreendidos na Operação Caravelas, há uma semana, mas até agora não encontrou pistas concretas dos responsáveis e as investigações voltaram à estaca zero. Até os sete policiais que chegaram a ser principais suspeitos do crime foram detidos ontem para interrogação e, após prestarem depoimento, foram liberados por falta de indícios. Eles continuarão sendo investigados.

O diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, fará um relatório na próxima segunda-feira para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, no qual detalhará as investigações e pedirá paciência. Ele prometeu, porém, que as investigações chegarão aos culpados, mais cedo ou mais tarde e nenhum deles ficará impune. A única certeza de Lacerda é de que o crime foi praticado por policiais da corporação.

Lacerda reuniu-se com delegados, peritos e a equipe especial enviada para investigar o furto e, entre outras providências, prometeu uma ampla reforma nas instalações físicas da superintendência do Rio, uma das mais obsoletas do País. As medidas também alcançarão a área administrativa, ante a sucessão de denúncia do envolvimento de servidores e policiais com atividades criminosas. ?São muitos os problemas, mas o principal erro é o desvio de conduta humana?, enfatizou Lacerda no encontro. Segundo o delegado, o que ocorreu no Rio de Janeiro foi de extrema gravidade e compromete a imagem da instituição, num momento em que ela se firma como modelo de eficiência no combate à corrupção e ao crime organizado.

Preocupado com o desgaste da instituição, Lacerda disse que será dada total transparência às investigações e reafirmou que a PF, mais uma vez, não hesitará em cortar na carne dentro do seu programa de faxina ética. ?Não permitiremos qualquer dúvida sobre a seriedade do nosso trabalho. Estou certo de que o fato será esclarecido logo?, afirmou.

Relatório

Paulo Lacerda, admitiu que a Operação Caravelas, responsável pela desarticulação de uma quadrilha internacional de tráfico de drogas, foi subdimensionada e que esse fato pode ter dado margem aos erros que culminaram no furto de R$ 2 milhões. ?O planejamento foi bem elaborado, mas as coisas se precipitaram, aconteceram de maneira desproporcional e gerou descontrole. Não quero justificar nada, mas os agentes ficaram sobrecarregados e o desfecho foi esse roubo lamentável?, afirmou Lacerda.

O diretor reuniu-se ontem com o superintendente em exercício, Roberto Prel, e os delegados responsáveis pelo inquérito que apura o sumiço do dinheiro. Lacerda recusou-se a comentar os rumos da investigação. Ele informou que 32 policiais de fora do Estado do Rio foram destacados para esclarecer o furto. Alguns permanecem em Brasília, como aqueles que fazem o cruzamento dos fragmentos das digitais encontradas no local do crime com o banco de identificação dos policiais federais.

Lacerda acredita que o dinheiro ainda esteja no País. ?Sou muito otimista e perseverante. Acredito que o dinheiro não tenha sido levado do Brasil. E tenho esperança firme de que vamos resolver o caso?, afirmou. O diretor-geral evitou ligar o furto à disputa interna na PF.

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